Episcopado brasileiro exige condenação do aborto e da eutanásia no país, após dois
dias de debate da CNBB sobre questões de bioética
A 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) dedicou
dois debates a questões de bioética, dos quais resultou uma declaração em defesa da
vida “em qualquer dos seus estágios, desde a concepção até á morte da pessoa”.
A CNBB pedirá ao presidente Lula que não sancione nenhuma lei que atente contra o
direito à vida, por exemplo a aprovação de qualquer tipo de aborto.
A Declaração sobre exigências éticas em defesa da Vida, redigida pelos bispos do Brasil
assinala que “o direito à vida precede quaisquer outros direitos”.
A CNBB lembra que “a ciência não pode ser considerada a única forma válida de saber,
nem detém as respostas para todos os anseios da humanidade”.
“A Igreja Católica, segundo o censo de 2000, é o grupo religioso mais numeroso do
povo brasileiro. É inadmissível que, numa sociedade pluralista como a nossa, ela seja
cerceada no seu direito de participar dos debates, comissões e outros mecanismos usados
pelos Poderes Públicos para consulta à população, sobretudo em temas que afectam a
vida e a dignidade da pessoa humana”, escrevem os Bispos, criticando duramente “visões
reducionistas da dignidade humana e da ética”.
A nota condena uma série de iniciativas do Executivo brasileiro, como “a distribuição
maciça de preservativos, além de produtos abortivos como o DIU e as assim chamadas
pílulas do dia seguinte”.
“Nós, bispos da Igreja Católica no Brasil, em virtude da nossa responsabilidade na
formação ética e moral do nosso povo, vimos manifestar publicamente a nossa discordância
com essas posições dos Poderes Públicos e também das ideologias, lobbies e eventual
manipulação de estatísticas que desviam a própria ciência da verdade integral sobre
o ser humano”, diz o documento.
Os Bispos pedem aos políticos que se empenhem para que todos os brasileiros, “desde
a sua concepção até à sua morte natural”, tenham os meios necessários para uma vida
digna. Recordando a carta de Lula da Silva dirigida ao presidente da CNBB, na qual
o presidente brasileiro se comprometia a “não tomar nenhuma iniciativa que contradiga
os princípios cristãos”, a CNBB espera que “tais propósitos sejam traduzidos em gestos
concretos, inclusive quando isso exigir o exercício do seu poder de veto, seja de
projectos de lei, seja de destinação de recursos financeiros”.
A Igreja Católica no Brasil propõe-se celebrar uma Semana de Defesa e Promoção da
Vida, fortalecer a Pastoral Familiar e as Pastorais Sociais, sensibilizar as famílias
para o “apadrinhamento à distância” - visitas periódicas, mantendo a criança com a
sua família biológica –, constituir, onde ainda não houver, Comissões Diocesanas de
Defesa da Vida e mobilizar as famílias e comunidades, para que estimulem os vereadores,
deputados e senadores da sua base eleitoral, de modo a que defendam e promovam a vida
e a família.