Mais atenção para o fenómeno das migrações,pediu em Fatima o responsavel pela pastoral
dos brasileiros no exterior, na homilia da missa deste 13 de Agosto
D. Laurindo Guizzardi responsável pela pastoral dos brasileiros no exterior, presidiu
neste sábado em Fátima a concelebração eucarística ponto alto da peregrinação internacional
do migrante e do refugiado, com a qual se concluiu em Portugal a semana nacional das
migrações este ano subordinada ao tema o diálogo intercultural fecunda uma sociedade
integrada.
Na homilia começou por salientar que a migração é um fenómeno em crescimento.”No
século XIX, quando o Pai dos Migrantes, o bem-aventurado D. João Batista Scalabrini,
propunha ao Santo Padre Pio Xº a criação de um Organismo para a Assistência aos Emigrados
Católicos, encontrou resistência junto aos altos prelados do Vaticano, porque achavam
que a emigração era um fenómeno passageiro.
A realidade veio demonstrar o contrário. A mobilidade humana cresceu num ritmo vertiginoso.
Calcula-se hoje que há 175 milhões de pessoas que vivem longe da própria terra e que,
no ano de 2050, os migrantes alcançarão a cifra impressionante de 230 milhões. Se
somarmos as pessoas que se encontram fora do país por motivos económicos àquelas que
se deslocam por motivos turísticos, teremos a espantosa cifra de um bilhão de pessoas.
Além dos migrantes e turistas, mais de 65 milhões de indivíduos vivem longe da própria
terra na condição de refugiados ou deslocados pela violência.
No quadro dos países mais afectados pelos fluxos migratórios, encontram-se os Estados
Unidos, onde vivem 35 milhões de migrantes, a Federação Russa que tem 13 milhões e
300 mil migrantes, a Alemanha que acolhe 7 milhões e 300 mil, a França a Arábia, o
Canadá e a Austrália”
……………..
D. Laurindo Guizzardi falou depois especificamente da mobilidade humana em Portugal
e no Brasil. “
Os nossos países não apresentam um quadro muito diferente. Milhares de portugueses
buscaram outras terras na Europa, na América e na África. Segundo estimativas levantadas
em 2003, 4.862.093 filhos de Portugal estão espalhados em 121 nações. Grande número
deles aportou em terras do Brasil. De 1850 a 1960 radicaram-se ali 1.700.000, os quais,
com sua indústria e seu trabalho, deram grande impulso ao desenvolvimento e ao progresso
do país.
O Brasil, de país de migração tornou-se agora também um país de emigração. Muitos
de seus filhos se deslocaram rumo ao Paraguai, à América do Norte, à Europa e ao Japão.
Segundo estimativas confiáveis, os emigrados brasileiros alcançam hoje a cifra de
três milhões, e uma das maiores comunidade deles encontra-se em Portugal. Nos últimos
25 anos radicaram-se aqui 60.000 brasileiros, sem contar os 30.000 irregulares de
que se tem notícia
É justo, pois, que nossos países se encontrem unidos na celebração das Semanas de
Migrações, como estamos fazendo hoje, sob os olhares maternos da Virgem Maria”
Depois de ter falado da migração na Bíblia, afirmando que as grandes personagens do
Antigo Testamento foram migrantes aquele prelado brasileiro referiu-se á migração
na visão da Igreja. “ A Igreja em seus numerosos documento sempre demonstrou carinho
para com os migrantes, inculcando nos indivíduos e nos governos o dever sagrado de
os acolher e respeitar. Sua solicitude pelos migrantes inspirou-se em princípios muito
bem lembrados por D. António Vitalino, na mensagem publicada em ocasião da 33ª Semana
de Migrações.
Em primeiro lugar, o cristão deve lembrar que o migrante não é um problema: é uma
pessoa humana, uma pessoa que deve ser respeitada por ser pessoa e por se encontrarem
situação de necessidade.
Além disto, acolher o migrante e dialogar com ele é exercer o preceito evangélico
da caridade que enobrece e enriquece quem o pratica. “Pelo diálogo – recorda Dom Vitalino
- vão se esbatendo as barreiras e as agressões e constrói-se uma sociedade pacífica,
onde as diferenças étnicas, linguísticas, religiosas e culturais são factor de enriquecimento
das pessoas e da sociedade”(3).
Enfim, na visão da Igreja, os migrantes podem tornar-se pregoeiros de fraternidade,
induzindo as nações a superar o próprio egoísmo e fazer do mundo uma sociedade integrada
e pacífica, figura do Reino de Deus, onde todas as criaturas humanas, reunidas em
Cristo, são filhos do mesmo Deus e irmãos entre si”
A concluir a sua homilia em Fátima neste 13 de Agosto D. Laurindo Guizzardi referiu-se
a alguns dos dramas e problemas de muitos emigrantes.
“ Para não poucos infelizes, a fronteiras continuam a se tornar cemitérios e, desta
maneira, o quinto mandamento da lei de Deus “não matar” – em torno do qual neste ano
gira a reflexão catequética da Igreja em Portugal - continua a ser um objectivo distante
de ser alcançado.
Nesta celebração eucarística que coroa as celebrações da 33ª Semana de Migrações e
a Peregrinação Internacional de Migrantes roguemos, pois, a Deus, pela intercessão
da Virgem de Fátima, que proteja os migrantes e suas famílias e ajude nossos países
a trabalhar pela unidade harmónica dos povos, a fim de que o mundo possa realmente
constituir “uma cidade integrada e pacífica, em volta de um único Deus e Senhor”