A Mauritânia sofreu esta quarta feira um golpe de Estado organizado pelos militares,
principalmente membros da guarda presidencial, que aproveitaram a ausência do Chefe
do Estado, Maaouiya Ould Taya, que se deslocara à Arábia Saudita para assistir ao
funeral do Rei Fahd. Os autores do golpe anunciaram que um conselho militar tomou
o poder por um período que não deverá exceder os dois anos, o tempo necessário para
criar instituições democráticas no país.
A União Africana já condenou a "tomada de poder" pelos militares e manifestou a sua
"preocupação". A França, antiga potência colonial na Mauritânia, afirmou estar "atenta"
à evolução da situação no país, recusando fazer mais comentários sobre o golpe de
Estado.
A Mauritânia faz a ligação entre o Magrebe e a África subsariana, constituindo uma
área de transição cultural. A população divide--se entre árabes berberes no Norte
e africanos negros no Sul. Num dos países mais pobres do mundo, a extracção de petróleo
deve começar no próximo ano. A Mauritânia é um dos três estados da Liga Árabe que
têm relações diplomáticas com Israel, sendo um dos países da região que mais reprimem
o movimento islamita. Desde Abril, foram detidos vários líderes da oposição e activistas
muçulmanos, acusados de cooperação com o Grupo Salafista para a Prédica e o Combate,
movimento argelino suspeito de ligações à Al-Qaeda. Os analistas alertaram para o
facto de o afastamento dos membros da oposição, acusados de terrorismo, aumentar os
riscos de retaliação por parte dos radicais islamitas.