Um tribunal internacional para as vitimas de 1999, pedem os bispos de Timor Leste
Os Bispos católicos de Timor Leste pediram “a constante intervenção das Nações Unidas
para que se faça justiça ao povo timorense”. Os prelados sustentam a proposta da ONU
de instituir um tribunal internacional para julgar a violência que atingiu milhares
de pessoas durante a retirada indonésia da ilha em 1999.
Numa declaração assinada por D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, e D. Alberto
Ricardo da Silva, Bispo de Dili, ambos pedem que “possa ser ouvida a voz dos timorenses
que sofreram por causa da impunidade”.
O Governo indonésio indicou segunda feira os nomes que lhe cabe nomear na Comissão
Verdade e Amizade para Timor-Leste. Os dois países acordaram trabalhar em conjunto
no âmbito desta comissão para investigar os acontecimentos de 1999 no referendo de
que resultou a independência de Timor-Leste.
Na época, grupos pró-indonésios estiveram na origem de uma onda de violência e destruição
que provocou mais de mil mortos e 250 mil deslocados. Mais tarde, cada um dos países
criou a sua própria comissão de investigação, mas um recente relatório das Nações
Unidas classificou como inadequados estes órgãos, sugerindo, em alternativa, um tribunal
internacional para julgar os responsáveis pelos acontecimentos de 1999. A criação
desta comissão, composta por dez elementos (cinco para cada país), é vista por especialistas
como uma forma de travar a sugestão da ONU.
A partir do dia 4 de Agosto, esta Comissão terá a tarefa de ouvir as testemunhas e
rever a documentação sobre as violências. O órgão, porém, não tem o poder de perseguir,
por via legal, os culpados de crimes de guerra e contra a humanidade. Em compensação,
tem a possibilidade de oferecer-lhes a amnistia.
José Ramos Horta, Ministro das Relações Exteriores de Timor Leste, respondeu aos dois
Bispos, que o acusaram de ter tomado uma decisão de carácter exclusivamente político,
afirmando: "não acreditamos que a instituição de um tribunal internacional seja o
único modo para buscar a justiça ou a verdade".
Os Bispos de Timor Leste denunciaram "a decisão dos líderes políticos de renegar o
direito à justiça dos habitantes da ilha”.