Mulheres e crianças exploradas sexualmente são "escravas do séc. XXI":congregações
religiosas desafiadas a encontrar respostas para este drama
O novo governo geral das Missionárias da Consolata tem como prioridade ajudar as “escravas
do século XXI”, as mulheres e crianças exploradas sexualmente em todo o mundo.
O último Capítulo da Congregação reconfirmou como Superiora-geral a Madre Gabriella
Bono. No documento conclusivo enviado à Agência Fides,
as Missionárias da Consolata comprometem-se a fazer das suas comunidades religiosas
“locais de acolhimento e de escuta”, procurando ler a realidade “com espírito crítico
evangélico” na busca de compromissos e novas formas de presença “em favor da mulher
explorada”.
Esta preocupação foi manifestada esta semana durante um encontro de formação, sobre
a Vida Religiosa, que decorreu em Roma. A Ir. Eugenia Bonetti, missionária da Consolata,
dirigiu-se a centenas de religiosas de vários países, desafiando-as a ver na exploração
das mulheres “uma necessidade para a qual o carisma de cada Congregação deve dar uma
resposta actual”.
“A pobreza mais humilhante para qualquer mulher é ser vítima de tráfico, ser vendida
ou comprada para ser utilizada como mercadoria”, afirmou a religiosa, responsável
do sector para as mulheres da União das Superioras Maiores de Itália.
Este tráfico de mulheres e menores é, hoje em dia, um verdadeiro negócio mundial,
que chega aos oito mil milhões de dólares, segundo cálculos da Organização Mundial
das Migrações.
“A prostituição não é um fenómeno novo, o que é novo é este comércio global e complexo,
que abusa da situação de pobreza de muitas mulheres imigrantes, as novas escravas
do século XXI”, apontou a Ir. Eugenia Bonetti. Nesse sentido, a religiosa defende
que “esta realidade é um grande desafio para a Igreja Missionária, em especial para
as Congregações Religiosas”.
No passado dia 12 de Junho foram publicadas as conclusões do I encontro internacional
para a pastoral das mulheres de rua, promovido pelo Conselho Pontifício para os Migrantes
e Itinerantes. A Santa Sé condena no documento a prostituição feminina e o tráfico
de mulheres, que classificou como “uma forma de escravatura moderna”, exigindo mais
punições para os clientes.
As conclusões são, de forma geral, um plano de acção para que a Igreja, em cada local,
faça mais no combate contra a indústria global do tráfico de mulheres para a prostituição,
uma acção pastoral considerada “urgente”.
“Quando se enfrenta o fenómeno da prostituição é necessária uma abordagem pluridimensional.
Deve envolver homens e mulheres numa transformação recíproca e colocar os direitos
humanos no centro de cada estratégia”, assinala o Conselho Pontifício.
No documento sublinha-se a responsabilidade pastoral da Igreja, em colaboração com
as instituições, os movimentos laicais, as associações e os meios de comunicação,
na denuncia e combate contra o fenómeno da prostituição. Assumir a defesa dos legítimos
direitos das mulheres “pressupõe o conhecimento dos factores que levam à prostituição
e o estudo de uma estratégia eficaz na frente económica, educativa e da formação”.
Os participantes no encontro sublinharam “o testemunho profético das Congregações
religiosas”, especialmente femininas, que em todo o mundo oferecem a estas mulheres
acolhimento, assistência medica e legal, apoio financeiro, mas também actividades
de formação, protecção das ameaças, ligações com as famílias, assistência para o repatriamento
voluntário e reintegração social nos países de origem.
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