Que novidades para o Sinodo sobre a Eucaristia, em outubro proximo ?
O próximo Sínodo dos Bispos terá a marca de Bento XVI. Convocado por João Paulo II
em 2004, o grande encontro de 250 Bispos de todo o mundo foi confirmado pelo novo
Papa e, com a apresentação do Instrumento de trabalho, fica a certeza de que haverá
diferenças de método e de conteúdo.
As 90 páginas do “Instrumentum laboris” da XI assembleia geral ordinária do Sínodo
articulam-se em 4 partes, intituladas “Eucaristia e mundo actual”, “Fé da Igreja no
mistério da Eucaristia”, “Eucaristia na vida da Igreja” e “Eucaristia na missão da
Igreja”. O título do documento segue o tema da assembleia, “A Eucaristia, fonte e
cume da vida e da missão da Igreja”.
Um rápido olhar sobre o documento permite perceber a preocupação com “algumas verdades
doutrinais”, na linha da acção do Papa teólogo, que durante mais de duas décadas foi
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A intenção é “colocar em destaque as
grandes riquezas pastorais” da Eucaristia, sem deixar de apontar o dedo “a algumas
omissões e negligências nas celebrações”.
O quadro estatístico que apresenta os números essenciais da presença católica no mundo
– mais de mil milhões, 49,8% dos quais na América e 25,8% na Europa – serve para ilustrar
o mundo em mudança a que os Bispos têm de atender nos seus trabalhos: o texto revela
“um certo distanciamento da vida pastoral da Eucaristia” e uma grande desproporção
entre o número de pessoas que comunga e as que se confessam.
Nesta linha vem a exigência de fazer da Eucaristia a fonte da moral, com as suas exigências.
Como proposta, o Sínodo vai abordar a necessidade de melhorar nos católicos “o conhecimento
do conteúdo e do significado do mistério eucarístico”.
O “Instrumentum laboris” nasce da recolha de uma enorme quantidade de informação,
recolhida através de um questionário enviado a cerca de 4.500 Bispos de todo o mundo.
Na conferência de imprensa, os responsáveis pelo Sínodo frisaram mesmo que “não é
habitual encontrar um outro organismo que, para elaborar um documento, recolha tal
quantidade de dados em todo o mundo”. Novidades
O Sínodo pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de Bispos que representa
o episcopado de todo o mundo e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja,
com o seu conselho, para procurar soluções pastorais que tenham validade e aplicação
universal. A Assembleia sinodal tem finalidades consultivas, e mesmo que em 2005 os
Bispos não sejam convocados por Bento XVI para darem sugestões em vista de intervenções
doutrinais, existem razões para que, num tema central para a vida e missão da Igreja,
os prelados manifestem as exigências e implicações pastorais da Eucaristia.
Entre as novidades de procedimento estão o facto de cada padre sinodal ver o tempo
disponível para a sua intervenção reduzido de 6 para 8 minutos. Com esta alteração
consegue-se que, em cada dia, haja uma hora para intervenções livres, no final de
cada Congregação geral – a fim de favorecer as trocas de impressão sobre questões
da actualidade ligadas à Eucaristia.
O número de participantes (250) não foi mudado, mas foi reduzido o tempo para os “grupos
de trabalho”, que se reúnem segundo as cinco línguas do Sínodo. Na XI assembleia marcarão
ainda presença um “número adequado de ouvintes, homens e mulheres”, bem como um grupo
de peritos para assistir os padres sinodais.
Outra das grandes novidades do próximo Sínodo relaciona-se com o número de “delegações
fraternas”, representantes de outras Igrejas e Comunidades eclesiais, cujo número
duplica.
Este é um dos gestos concretos de ecumenismo que Bento XVI tem pedido desde o início
do seu pontificado. Enquanto que no último sínodo tinham participado representantes
de 6 outras Igrejas, desta vez foram convidados 12 representantes das Igrejas Ortodoxas,
das Igrejas Antigas do Oriente e das Comunidades nascidas na Reforma.