A Conferência Episcopal do Zimbabwe lançou novas críticas ao governo de Robert Mugabe,
considerando que “nos últimos cinco anos, a situação política, social e económica
de Zimbabwe piorou dramaticamente”.
Em declarações à agência Fides, do Vaticano, os Bispos de Zimbabwe que esta semana
efectuaram a sua visita ad limina criticam a distribuição forçada das terras dos
proprietários de origem europeia, referindo que a mesma “abalou o sistema agrícola
nacional, provocando um gravíssimo défice alimentar”..
“O Zimbabwe passou de fornecedor de cereais da África Austral a Estado dependente
da ajuda internacional para alimentar a própria população”, lamentam.
Nas últimas semanas, causou particular preocupação a operação ““Restaurar a ordem”
iniciada a 19 de Maio pelo governo local, com o pretexto de liberar as cidades do
mercado ilegal e das construções abusivas. Os Bispos de Zimbabwe manifestaram-se,
nessa altura, numa carta pastoral intitulada “O pranto dos pobres”.
“Um número incalculável de homens, mulheres com recém-nascidos, crianças em idade
escolar, idosos e doentes continua a dormir ao relento e pode morrer de frio”, alertam
os prelados.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 200 mil pessoas perderam as suas casas por causa
da demolição de barracas dos bairros periféricos das principais cidades do país. “Como
Bispos, não podemos ficar calados diante do que acontece. Entre os políticos, há católicos
aos quais recordamos os preceitos evangélicos, entre os quais está a opção preferencial
pelos pobres”, defendem os responsáveis da Igreja católica do país africano.
A República do Zimbabwe tem uma superfície de 390.759 km2 e população de cerca de
13 milhões de habitantes, 65% dos quais vivem em áreas rurais. Os católicos são 1,49
milhões, assistidos por 180 sacerdotes diocesanos e 453 sacerdotes religiosos.