O Núncio Apostólico na Bolívia, D. Ivo Scapolo, apelou à tolerância e reconciliação
no país sul-americano, afectado por uma grave crise social, económica e política.
“A tolerância é imprescindível para encontrar o bem comum e desterrar os ódios e todo
o tipo de discriminações”, assegurou o representante do Papa, ao pedir a conciliação
entre os bolivianos.
“Na Bolívia como no resto do mundo, é necessário trabalhar na conciliação da própria
cultura e história com a exigência do respeito aos direitos dos outros e a busca do
bem comum, dado que ignorando estes pressupostos abre-se caminho a extremismos devastadores”,
acrescentou.
A Bolívia está mergulhada, há meses numa grave crise social por causa da exploração
dos hidrocarbonetos, que ameaçou provocar uma nova onda de violência e uma grave fractura
no país, à beira da guerra civil. A Igreja Católica tem-se destacado na mediação entre
o Governo e as forças da oposição, procurando encontrar uma solução política para
a crise.
Eduardo Rodríguez, o novo Presidente da Bolívia empossado a meio de Junho, comprometeu-se
a convocar eleições gerais antecipadas até final de 2005. O novo Presidente afirmou,
desde logo, que tenciona cumprir "um breve mandato" e que prosseguirá, como prioridade,
a "renovação do sistema".
O Secretário Geral da Conferência Episcopal Boliviana (CEB), D. Jesus Juárez, defendeu
a necessidade de convocar a eleições antecipadas e elaborar uma nova Constituição
“em cuja redacção participem sectores historicamente marginalizados e esquecidos”.
O Bispo de El Alto, centro de todas as tensões recentemente vividas no país, assinalou
que se deve convocar a “uma Assembleia Constituinte que permita a refundação da Bolívia”.
Segundo D. Juárez, a Carta Magna “possibilitaria uma maior participação de todos os
sectores sociais na eleição de representantes políticos e no processo de autonomias”.
Já o presidente da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) e Arcebispo da Santa Cruz
de la Sierra, Cardeal Juan Terrazas Sandoval, chamou os bolivianos a recusar “as palavras
de ódio e rancor que os vão separando cada vez mais uns dos outros”.
“Hoje não podemos aplaudir de maneira nenhuma a discriminação e menos ainda a intolerância”,
afirmou.