Audiência do Papa á delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla: "prosseguir
a caminho da unidade dos cristãos que não é confusão.
A firme determinação de prosseguir, também com passos e gestos, na procura
da unidade plena entre todos os cristãos que não é, nem absorção nem fusão, mas respeito
da plenitude multiforme da Igreja, e portanto o empenho pela retomada do trabalho
da comissão mista internacional católico-ortodoxa foram reafirmados por Bento XVI
no discurso que dirigiu nesta quinta feira á delegação do Patriarcado Ecuménico de
Constantinopla, recebida em audiência no Vaticano.
O Papa sublinhou a importância da tradicional presença em Roma de uma delegação ortodoxa
por ocasião da festa litúrgica de S.Pedro e S. Paulo fundadores da Igreja de Roma,
e da presença de uma delegação católica na festa de Santo André, pai da Igreja de
Constantinopla. Uma tradição que Bento XVI confirmou e reforçou, tanto na saudação
dirigida ontem á delegação que hoje recebeu, como no jantar com a mesma na Casa de
Santa Marte onde se encontra hospedada.
“A feliz tradição de assegurar uma presença recíproca ma Basílica de S. Pedro e na
Catedral de São Jorge, para as festas dos Santos Pedro e Paulo e de Santo André é
- disse Bento XVI – expressão da vontade partilhada de combater as obras da carne,
que tendem a desagregar-nos e de viver segundo o Espírito, que promove o crescimento
da caridade entre nòs”.
É – acrescentou – a experiência do diálogo da caridade - inaugurado no Monte das Oliveiras
pelo Papa Paulo VI e pelo Patriarca Atenágoras, experiência que se mostrou não ser
vã. De facto são numerosos e significativos os gestos realizados até agora. Penso
- disse o Papa - na anulação das condenações recíprocas de 1054, nos discursos, documentos
e encontros promovidos pelas Sedes de Roma e de Constantinopla. Estes gestos caracterizaram
o caminho dos últimos decénios.
Certamente – observou o Papa – o nosso é um caminho longo ,nada fácil, assinalado
desde o inicio por temores e hesitações, mas que se tornou cada vez mais veloz e consciente.
Um caminho que viu crescer a esperança de um sólido diálogo da verdade e de um processo
de clarificação teológica e histórica que já deu frutos apreciáveis. Por isso adverte-se
a necessidade de unir as forças e de não poupar energias para que o diálogo teológico
oficial iniciado em 1980 entre a Igreja católica e as Igrejas ortodoxas no seu conjunto
retome com renovado vigor.
A investigação teológica que deve enfrentar questões complexas e encontrar soluções
não redutivas é um empenho série, ao qual não nos podemos subtrair..
Enviando as suas saudações e sentimentos de gratidão ao Patriarca Bartolomeu, Bento
XVI reafirmou o seu propósito de prosseguir com firme determinação na procura da plena
unidade entre todos os cristãos.
“Queremos, juntos, continuar no caminho da comunhão e juntos, dar novos passos e fazer
gestos que levem a superar as incompreensões e divisões ainda existentes, recordando-se
que para restabelecer a comunhão e a unidade é preciso não impor outros pesos, a não
ser as coisas necessárias”.