A XX Conferência Internacional do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde será
este ano dedicada ao debate sobre o genoma humano. De 17 a 19 de Novembro, no Vaticano,
especialistas de todo o mundo irão discutir quais as implicações de um tema “que deixa
entrever a aparição de um futuro iminente”.
“A saúde foi definida como tensão para a harmonia. Explorando este conceito, nesta
XX Conferência Internacional, poremos a atenção no começo desta tensão, um início
que caracteriza a saúde através da vida: o genoma humano”, explica o presidente do
Dicastério organizador, Cardeal Javier Lozano Barragán, no documento que apresenta
o evento .
Segundo este texto, a Santa Sé considera o genoma “um elemento estrutural organizador
das características individuais e hereditárias do corpo humano”.
“Implica o conjunto de genes, mas vai mais além e compreende todos os elementos que,
juntamente com os genes, constituem a energia original que está presente numa forma
virtual, uma energia que é constituinte do mistério da vida da pessoa humana”, aponta.
A Santa Sé já se pronunciou por diversas vezes sobre este tema, com especial destaque
para as “Observações a respeito da declaração universal sobre o genoma humano e os
direitos do homem” (Paris, 11 de Novembro de 1997). Aí se sublinha que, pela primeira
vez, se declarou “a necessidade de proteger o genoma humano particularmente para o
bem das gerações futuras, ao mesmo tempo proteger os direitos e a dignidade dos seres
humanos, a liberdade da pesquisa e a necessidade da solidariedade”.
A posição católica advoga a recusa de qualquer reducionismo genético, a afirmação
da preeminência do respeito da pessoa humana sobre a pesquisa, a recusa das discriminações,
o carácter confidencial dos dados, a promoção de comités éticos independentes, compromisso
dos Estados de promover a educação em bioética e de favorecer o debate aberto igualmente
às correntes de pensamento religioso.
O estudo do tema da Conferência Internacional de Novembro (“O Genoma Humano – Perspectivas
biológicas, médicas e éticas”) irá passar por uma análise da situação contemporânea,
das perspectivas de desenvolvimento no campo das doenças genéticas, da ética em genética
médica, bem como pelas consequências pastorais destas realidades.
Como é habitual nestes encontros, haverá um espaço para o diálogo inter-religioso,
no qual se dirigirá a atenção para a aplicação do conhecimento da genética humana
de acordo com o Judaísmo, o Islão, o Budismo e o Hinduísmo.