Solidariedade com as Igrejas mais carecidas: exortação do Papa aos participantes no
encontro da ROACO (Reunião Obras Ajuda Igrejas Orientais)
“Desde os inícios do anúncio cristão que as comunidades cristãs mais pobres e carecidas
conheceram formas de apoio da parte das mais favorecidas. No nosso tempo, marcado
tantas vezes por tendências individualistas, aparece ainda mais necessário que os
cristãos testemunhem uma solidariedade que ultrapasse todas as fronteiras, construindo
um mundo onde todos se sintam acolhidos e respeitados”: palavras de Bento XVI recebendo
esta manhã em audiência, no Vaticano, os participantes na assembleia anual da ROACO
- Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais.
Nas saudações iniciais, o Papa mencionou nomeadamente o cardeal Inácio Moussa Daoud,
Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, e o Arcebispo-Maior de Lviv, cardeal
Lubomyr Husar, convidado especial deste encontro que analisou especialmente a situação
da Igreja greco-católica na Ucrânia, cujo “contínuo desenvolvimento, após o triste
inverno do regime comunista (observou o Pontífice) é motivo de alegria e de esperança,
até porque a antiga e nobre herança espiritual de que é guardiã a comunidade greco-católcia,
constitui um tesouro para o progresso de todo o povo ucraniano. Daqui a exortação:
“Apoiai o seu caminho eclesial e favorecei tudo o que favorece a reconciliação e a
fraternidade entre os cristãos da amada Ucrânia.”
A presença em Roma, “junto da sede de Pedro”, de cerca de quinhentos estudantes orientais
das Igrejas Católicas (padres e seminaristas) – observou Bento XVI – “constitui uma
oportunidade a valorizar”. Mas ao mesmo tempo é justo o desejo de “qualificar com
a máximo atenção as instituições de formação já existentes nas próprias Igrejas orientais:
para além do apoio material, há que incentivar a acção formativa que, por um lado,
aprofunde a genuina tradição local, tendo na devida consideração o progresso orgânico
das Igrejas Orientais, conduzindo ao mesmo tempo àquele verdadeiro aggiornamento proposto
pelo Concílio Vaticano II, concluído há precisamente quarenta anos”.
A concluir, uma referência a Jerusalém e à Terra Santa, “em relação às quais os cristãos
têm uma dívida inesquecível”. O Papa referiu “alguns sinais positivos, que nos chegam
nos últimos meses, tornam mais firme a esperança que não tarde a aproximar-se o dia
da reconciliação entre as várias comunidades presentes na Terra Santa”, intenção pela
qual disse rezar com confiança.
A gestão dos Lugares Santos são objecto, há séculos, de discussões entre cristãos.
A ROACO apelara ontem, por seu turno, ao regresso dos peregrinos à Terra Santa, assegurando
que é "totalmente seguro" retomar a dinâmica das peregrinações, de que a comunidade
local muito depende.