Conferência Episcopal boliviana defende nova Constituição
O Secretário Geral da Conferência Episcopal Boliviana (CEB), D. Jesus Juárez, defendeu
a necessidade de convocar a eleições antecipadas e elaborar uma nova Constituição
“em cuja redacção participem sectores historicamente marginalizados e esquecidos”.
O Bispo de El Alto, centro de todas as tensões recentemente vividas no país, assinalou
que se deve convocar a “uma Assembleia Constituinte que permita a refundação da Bolívia”.
Segundo D. Juárez, a Carta Magna “possibilitaria uma maior participação de todos os
sectores sociais na eleição de representantes políticos e no processo de autonomias”.
Eduardo Rodríguez, o novo Presidente da Bolívia empossado na semana passada, comprometeu-se
a convocar eleições gerais antecipadas até final de 2005. O novo Presidente afirmou,
desde logo, que tenciona cumprir "um breve mandato" e que prosseguirá, como prioridade,
a "renovação do sistema".
A substituição de Carlos Mesa contribuiu para acalmar o ambiente político, mas, segundo
a maioria dos analistas, não resolve alguns dos problemas centrais na origem da actual
contestação, designadamente a nacionalização da indústria do gás e petróleo, pedida
nas manifestações, e a autonomia das províncias mais ricas do país, além das questões
em torno do processo de Gonzalo Sanchez de Lozada, presidente em Outubro de 2003 -
altura de manifestações contra a exportações de combustíveis, violentamente reprimidas
por sua ordem e que teriam custado a vida a entre 60 e 80 pessoas.
D. Juárez não esqueceu o tema da nacionalização dos hidrocarbonetos, pedindo às empresas
multinacionais que operam na Bolívia “a compartilhar com este povo a riqueza existente,
sem enriquecer-se às suas custas”.