“A crise europeia é uma crise de valores fundamentais. A falta de coesão espiritual
não deixa que os compromissos tenham força para gerar um projecto comum e ser-lhe
fiel” – sublinha o bispo de Aveiro na crónica semanal do «Correio do Vouga». Com o
título «Reflexão necessária em tempo de espera», D. António Marcelino refere que “por
vezes vou pensando que a velha Europa envelheceu de mais. Demograficamente bateu no
fundo. Gera cada vez menos vida e não fossem os emigrantes, em alguns países já não
se saberia o que é uma criança” A Europa está a ser vítima das “suas contradições
interiores e internas. O vazio a que chegou empurrou-a para arranjos de conveniência
e soluções imediatas. Assim se vai tornando inconsistente e sem futuro” – salienta
o artigo daquele semanário.
A Europa que se quer construir como comunidade ou união “desembarcou, de repente,
na praça dos interesses económicos, esquecendo-se que os sonhadores de uma Europa
unida, tiveram estes com um meio para garantir a paz e progresso, nunca como projecto
ou fim em si mesmos”. E acrescenta: “a linguagem dos políticos quando partem para
as reuniões em instâncias europeias é dizer ao povo o que esperam conseguir e de como
vão convencer os parceiros ricos. Quando regressam, falam do que ganharam, do que
não conseguiram, do que perderam e logo do propósito de não desistirem de vir conseguir
mais fundos de apoio” – adianta o prelado de Aveiro.