Anti-semitismo e intolerância: conferência OSCE em Córdova
As delegações dos 55 estados aderentes á Organização para a Segurança e a Cooperação
na Europa(OSCE) e de organizações não governamentais participam em Córdova, na Espanha
na conferencia ministerial sobre anti-semitismo e outras formas de intolerância.O
combate contra o anti-semitismo e a intolerância tem de ser feito através da adopção
de "medidas concretas com carácter obrigatório", defendeu o ministro dos Negócios
Estrangeiros espanhol, Miguel Angel Moratinos na abertura da conferência sublinhando
que o objectivo deste combate é acabar com a discriminação e integrar a religião na
sociedade.Durante a intervenção, Moratinos chamou ainda a atenção para a necessidade
de aplicar medidas que facilitem a integração dos muçulmanos e evitem que haja quem
caia "no erro de identificar o Islão com os que o praticam com a intolerância ou mesmo
com o terrorismo".Numa alusão aos atentados do 11 de Março de 2004 em Madrid, o chefe
da diplomacia espanhola elogiou o "enorme amadurecimento" da sociedade espanhola,
patenteado no facto de, depois desses acontecimentos sangrentos, não se ter produzido
qualquer reacção contra a comunidade muçulmana.Depois dos atentados, assinalou, não
só não se produziu qualquer reacção contra a comunidade muçulmana que vive em Espanha
como se adoptaram medidas para melhorar a integração dos muçulmanos.Interveio também
na conferência o ministro dos Negócios Estrangeiros esloveno e presidente da OSCE,
Dimitrij Rupel, que apelou aos Estados para se manterem atentos perante qualquer manifestação
de discriminação ou intolerância e para procurarem fórmulas que permitam manter simultaneamente
a coesão social e a diversidade cultural.Rupel apelou aos Estados para não terem medo
da integração cultural e para garantirem o respeito mútuo entre culturas maioritárias
e minoritárias porque, em democracia, "a maioria pode converter-se em minoria e vice-versa".A
conferência da OSCE, que se realiza hoje e quinta-feira em Córdova (sul de Espanha),
pretende fazer a síntese de três reuniões sobre a intolerância que decorreram em 2004
em Berlim (anti- semitismo), Paris (racismo na Internet) e Bruxelas (xenofobia)."O
anti-semitismo e os meios de comunicação social", "o ensino do Holocausto", "a discriminação
dos muçulmanos", "cristãos e outras religiões na zona da OSCE" vão ser alguns dos
temas discutidos na conferência numa altura em que as sociedades dos membros da OSCE
estão cada vez mais marcadas pela diversidade cultural e religiosa.A antiga Presidente
do Parlamento Europeu e antiga deportada de Auschwitz, a francesa Simone Veil, o antigo
ministro da Cultura espanhol e antigo prisioneiro do campo de concentração de Buchenwald
Jorge Semprun e o antigo governador de Nova Iorque George Pataki vão participar na
conferência ao lado de personalidades políticas, religiosas e do mundo intelectual
e cultural.A OSCE, com sede em Viena, agrupa 55 Estados, da América do Norte à Ásia
Central, com a missão de promover a tolerância e a não discriminação.