Relatório sobre imigrantes, no centenário de João Baptista Scalabrini
Segundo as Nações Unidas, há 175 milhões de migrantes (metade dos quais mulheres)
que deixam as suas terras por razões económicas. Nenhum país ao mundo se encontra,
ao abrigo deste fenómeno, como país de partida ou como país de destino. Os Estados
Unidos (com 35 milhões de imigrantes) e a Federação Russa (13,3 milhões), são os países
mais afectados. Seguem-se a Alemanha (7,3 milhões), Ucrânia (6,9), França, (6,3),
Índia (6,3), Austrália (4,7) e Paquistão (4,2 milhões).
A África regista 16,2 milhões de imigrados (90 % dos quais na África subsariana),
correspondendo a 2,1 % da população total e a menos de 1/10 dos migrantes do mundo.
O fenómeno é especialmente agudo em dois países: Costa do Marfim, com 2 milhões e
236 mil imigrantes; Burkino Faso, com um milhão e 124 mil.
Variadas são as motivações que levam tantas pessoas a deslocarem-se de um país para
outro, mas é sobretudo a necessidade de assegurar o sustento da família a pesar nesta
decisão. A Organização Internacional do Trabalho (OMT) considera que na base do fenómeno
se encontram as transformações demográficas e as flutuações do mercado do trabalho
em muito países industrializados, em contraste com a crise e o desemprego nos países
pobres. Mas há também as redes e contactos estabelecidos ao longo do tempo entre os
diferentes países, graças aos elos famliares, culturais e históricos.
Num Relatório preparado, sobre esta temática, por ocasião do centenário da morte
do Bem-aventurado João Baptista Scalabrini (que tanto se dedicou ao serviço dos imigrantes),
para além de alguns destes dados, fala-se também da imigração clandestina, recordando-se
que se trata de um fenómeno extremamente complexo sobre o qual não existem números
precisos, seguros.
Relativamente ao número de mulheres e crianças (ou adolescentes) vítimas de um verdadeiro
tráfico internacional, os cálculos existentes falam de 700 mil a dois milhões. Por
outro lado, calcula-se que cerca de 500 mil pessoas entram todos os anos nos Estados
Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, ao passo que no que diz respeito à União
Europeia a cifra indicada oscila entre os 120 mil e os 500 mil por ano. A introdução
clandestina de migrantes é um “comércio” profícuo que gera biliões de dólares, sobretudo
para as organizações criminosas.