Cerca de 70 mil manifestantes participaram nesta segunda feira numa grande marcha
de protesto em La Paz, capital da Bolívia, apesar dos apelos ao fim das manifestações
lançados pela Igreja, comprometida na mediação da crise política e social no país.
Os manifestantes, provenientes da região de El Alto, marcharam até à capital que se
encontra cercada. Em causa está a exigência, feita pela população, de que seja regulamentada
a nacionalização dos combustíveis.
A Bolívia está mergulhada, há meses numa grave crise social por causa da exploração
dos hidrocarbonetos, que ameaça provocar uma nova onda de violência e uma grave fractura
no país, à beira da guerra civil.
Há mais de duas semanas que o país está praticamente parado por causa dos protestos
e manifestações, que incluem bloqueios de estradas. Os protestos exigem a nacionalização
dos hidrocarbonetos, a convocação de uma Assembleia Constituinte e um referendo sobre
autonomias para as regiões.
Ontem, responsáveis da Igreja e do Governo voltaram a reunir-se com elementos do Executivo
para encontrar uma solução para o diferendo que mantém o país paralisado.
Esta é a crise mais grave que a Bolívia vive desde Outubro de 2003 quando um protesto
popular atiçado pela disputa dos hidrocarbonetos provocou a morte de mais de 80 pessoas
e a renúncia do então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.
Esta segunda-feira, o presidente da Bolívia, Carlos Mesa, renunciou ao cargo devido
à agitação social. "Tenho a responsabilidade de dizer-vos que fui o mais longe que
podia. Por essa razão, decidi apresentar a minha demissão do cargo de presidente da
República", afirmou o chefe de Estado boliviano, numa mensagem transmitida na rádio
e televisão.
Neste Domingo, Bento XVI alertara a comunidade internacional para a crise que atinge
a Bolívia, que considerou como uma “situação preocupante”, pedindo aos católicos que
rezem pelo povo desse país sul-americano.