O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, assegurou nesta quinta feira dia 2 que
o conflito entre o Governo e a Igreja Católica timorense está ultrapassado e que o
objectivo, agora, é abrir o debate sobre questões de consciência à sociedade timorense.
«Foram 19 dias de manifestações, com exigências de todo o tipo, mas a questão foi
ultrapassada com o acordo que se assinou», disse
Alkatiri à imprensa após um encontro em Lisboa com o primeiro-ministro português,
José Sócrates. Esse acordo, assinado em meados de Maio, «toca assuntos que mexem com
a consciência de cada cidadão e tem o mérito de abrir o debate a toda a sociedade»,
acrescentou, referindo-se concretamente «ao aborto e à prostituição», que a Igreja
timorense quer ver criminalizados.
Sobre o carácter facultativo da disciplina de Religião e Moral, na origem da crise,
Mari Alkatiri afirmou que «a disciplina existe, com carácter regular, mas a frequência
é facultativa», como foi aprovado pelo conselho de ministros, a 27 de Outubro passado,
«numa decisão que não foi bem entendida pela hierarquia da Igreja Católica».
O primeiro-ministro timorense explicou também que os professores daquela disciplina
são pagos pelo governo de Díli e «nunca foram pagos pela Igreja».
«O Governo paga cerca de três milhões de dólares por ano a quase dois mil professores
que dão aulas nas escolas católicas. Por que é que havia de recusar pagar aos professores
de religião e moral que ensinam nas escolas públicas?», questionou, acrescentando
que, quem levantou essa questão, «ou estava mal informado ou tinha outras intenções».