Bento XVI critica idolatria do poder e do dinheiro
Na sua paixão e morte, Cristo testemunha a sua adesão livre e consciente ao querer
do Pai, como se lê na Carta aos Hebreus: ‘Embora sendo Filho, aprendeu a obediência
das coisas que sofreu’.” “Em Cristo, a forma divina esconde-se sob a forma humana,
ou seja, sob a nossa realidade humana marcada pelo sofrimento, pela pobreza, pelo
limite e pela morte”. Palavras do Papa Bento XVI, na audiência-geral desta quarta-feira,
na Praça de São Pedro, com a participação de uns 35 mil peregrinos.
O Santo Padre comentou desta vez a primeira parte do hino da Carta de São Paulo aos
Filipenses (2, 5-8): “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus:
Ele, que era de condição divina, não revindicou o direito de ser equiparado a Deus.
Mas despojou-se a si mesmo, tomando a condição de servo, tornando-se semelhante aos
homens... humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte, e morte de cruz”.
“Elemento fundamental desta primeira parte do hino (observou o Papa) parece-me ser
o convite a entrar nos sentimentos de Jesus. Entrar nos sentimentos de Jesus quer
dizer não considerar o poder, a riqueza, o prestígio, como valores superiores da nossa
vida, porque no fundo não respondem à sede mais profunda do nosso coração; abrir o
nosso coração ao outro, levar com o outro o peso da nossa vida e abrirmo-nos ao Pai
dos céus com um sentido de obediência e confiança, sabendo que é precisamente obedecendo
ao Pai que seremos livres. Entrar nos sentimentos de Jesus: este o exercício quotidiano
de quem vive como cristão.”
Entre as saudações nas diferentes línguas, não faltaram algumas palavras em português,
aos padres do Colégio Brasileiro de Roma: “A minha saudação a todos os peregrinos
de língua portuguesa, com uma bênção particular para os sacerdotes doColégio Pio Brasileiro
em Roma: na vossa formação, cultivai aquele sentire cum Ecclesia que fará de vós humildes
e fiéis servidores da Verdade, pastores segundo o Coração de Deus”.
Dirigindo-se na parte final desta audiência aos numerosíssimos peregrinos italianos
presentes, Bento XVI, muito aplaudido, e improvisando uma vez mais, manifestou o seu
apreço pela fé e afecto que continuam a manifestar com tanta intensidade em relação
ao sucessor de Pedro.