Combater a desertificação através de uma pastoral interdiocesana: uma aposta dos bispos
da região centro de Portugal
Os problemas sociais das dioceses do centro do país estiveram em destaque na reunião
dos bispos destas dioceses, realizada nesta terça feira, na cidade da Guarda. A situação
que mais preocupa estes pastores é a desertificação, “um processo em marcha que despovoa
muitas das nossas terras” – disse à Agência ECCLESIA D. Manuel Felício, bispo da Guarda.
Para fazer face a esta realidade – aponta o prelado – “temos alguns contributos e
alguns estudos que estão a ser feitos”. Mas lamenta: “damos conta que não vamos travar
este processo”.
Se actualmente as grandes cidades (Porto e Lisboa) têm cerca de 40% da população,
nos próximos dez anos “estão cerca de 60%”. A formação e informação são essenciais
nesta luta. “Temos que dar o nosso contributo para que as pessoas dêem conta que,
mesmo estando nos grandes centros só têm vantagens em não destruir os contactos com
as suas origens” – afirma D. Manuel Felício.
Como as pessoas foram “feitas para viver”, o bispo de Guarda alerta que “a qualidade
de vida dos grandes centros não atinge, nem de longe nem de perto, os níveis” destas
zonas. A criação de condições, “sobretudo de caracter patrimonial,” são fundamentais
para a fixação destas populações. Neste processo de desertificação existem pontos
de referência que não sofrem esta sangria. E exemplifica: “temos centros populacionais
nas nossas dioceses que aumentam mas, às vezes, em prejuízo das aldeias que estão
próximas”. Nos programas pastorais, sobretudo na hora de redistribuir o clero, “temos
de privilegiar estes lugares que continuam a ser procurados pelas pessoas”.
Na recta final dos anos pastorais, os bispos do centro do país têm consciência que
não podem “abandonar ninguém, nem que seja uma pessoa que esteja no cabo do mundo”
mas por outro lado também “não podemos ignorar os movimentos populacionais” – refere
D. Manuel Felício. As directivas vão para uma pastoral “muito menos por conta própria
e muito mais em Igreja”. E adianta: “no nosso caso uma pastoral inter-diocesana”.
As dioceses do centro têm “toda a vantagem em apoiar-se mutuamente”.
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