O laicismo na Espanha condenado pelo Papa numa mensagem enviada aos bispos e fiéis
deste país.
A crise nas relações entre Igreja Católica e Governo na Espanha preocupa seriamente
o Vaticano e ontem foi a vez de Bento XVI condenar as “tendências laicas” que marcam
o executivo espanhol. Uma posição idêntica tinha sido assumida por João Paulo II,
há poucos meses.
“A transmissão da fé e a prática religiosa não podem ser confinadas à esfera puramente
privadas”, criticou o Papa numa mensagem enviada aos bispos e fiéis de Espanha reunidos
na praça do Pilar de Zaragoza, por ocasião da Peregrinação Nacional pelo Primeiro
Centenário da Coroação da Virgem do Pilar e o 150º aniversário da proclamação do dogma
da Imaculada Conceição. A mensagem pede também “que se respeite a liberdade religiosa
e a liberdade de consciência de cada pessoa”.
As diversas reformas sociais do actual governo socialista, mormente a legalização
das uniões homossexuais, e as suas posições sobre o aborto e a investigação em embriões
têm sido contestadas pela Igreja em Espanha.
“A Igreja deve estar disposta a mostrar-se firme nos seus projectos de evangelização
e tem de tentar promover o bem comum para todos, quer dizer, o povo e a sociedade,
permanecendo fiel à sua verdadeira natureza e missão”, escreveu o Papa. Bento XVI
pediu que a Igreja na Espanha “seja compreendida e aceite” nesta mensagem foi lida
pelo Núncio na Espanha, o arcebispo português D. Manuel Monteiro de Castro.
O texto referia-se de forma especial à questão da família e da defesa da vida humana
como pontos centrais para os cristãos: “na convivência doméstica, a família realiza
sua vocação de vida humana e cristã, partilhando as alegrias e expectativas num clima
de compreensão e ajuda recíproca”.
“Por isso, o ser humano que nasce, cresce e se forma na família, é capaz de empreender
sem incerteza o caminho do bem, sem deixar-se desorientar por modas ou ideologias
alienantes da pessoa humana”, acrescenta.