A ONU considerou ontem "totalmente inaceitáveis" e "indesculpáveis" as torturas e
homicídios cometidos por soldados americanos sobre prisioneiros no Afeganistão. Em
comunicado, Jean Arnault, representante do secretário-geral da ONU no Afeganistão,
considerou "chocantes" os abusos que provocaram a morte a dois prisioneiros afegãos
na prisão de Bagram em 2002. Estas declarações surgiram após o
New York Times
ter publicado novas revelações sobre este assunto na passada sexta-feira.
"A gravidade dos abusos exige que todos os que estiveram implicados nesses crimes
indesculpáveis sejam punidos", afirmou Arnault, garantindo que a missão da ONU no
Afeganistão (Unama) vai duplicar a sua vigilância sobre as detenções no país e espera
a "cooperação total dos EUA". Após as revelações feitas pelo
New York Times
, o Presidente afegão, Hamid Karzai, exigiu que Washington tome "medidas claras" contra
os militares que torturaram prisioneiros afegãos.
Ontem ainda, o
New York Times
responsabilizou Karzai, que iniciou um visita de quatro dias aos EUA, pelo insucesso
do programa de luta contra a cultura de papoilas no Afeganistão, financiado pelos
EUA. As flores são depois usadas para produzir heroína e ópio. Segundo o jornal, um
relatório da embaixada americana em Cabul, datado de 13 de Maio e enviado à secretária
de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, indica que os dirigentes regionais afegãos
impedem a destruição dos campos de papoilas e o Governo nada faz para os travar.