Católicos de Moscovo sonham com viagem do Papa á Rússia
Os católicos da arquidiocese de Moscovo sonham com uma viagem de Bento XVI à Rússia
e comunicaram isso mesmo ao Papa. O arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz foi recebido esta
semana em audiência privada, no Vaticano, e mostrou-se esperançado na melhoria de
relações entre o Vaticano e o Patriarcado Orotodoxo de Moscovo.
Numa conferência de imprensa na capital russa D. Tadeusz Kondrusiewicz desmentiu,
contudo, que tivesse convidado formalmente Bento XVI a visitar a Rússia, assinalando
que “um convite destes é uma coisa séria”.
Apesar de ter visitado centenas de países, João Paulo II nunca se pôde deslocar à
Rússia, por oposição da Igreja Ortodoxa. O seu sucessor encontra um clima de tensão,
criado após o desaparecimento da União Soviética: Moscovo acusa os católicos de proselitismo
em terras tradicionalmente ortodoxas, particularmente a Bielorússia e a Ucrânia.
Em 2000, a situação agravou-se após a criação de quatro dioceses católicas na Rússia.
Uma comissão mista foi criada em 2004, após uma visita do Cardeal Walter Kasper, presidente
do Conselho Pontifício para a promoção da Unidade dos Cristãos, mas ainda não nenhum
tipo de acordo sobre os diferendos entre as duas Igrejas.
Logo após o início do seu pontificado, Bento XVI reafirmou a necessidade de desenvolver
a cooperação com a Igreja Ortodoxa da Rússia ao receber no Vaticano o metropolita
Kyrill, responsável pelo Departamento das Relações com o Exterior do Patriarcado Ortodoxo
de Moscovo.
O Patriarca Ortodoxo da Rússia, Alexis II, felicitara o novo Papa Bento XVI, aquando
da sua eleição, revelando esperar um “diálogo frutuoso” entre as duas Igrejas. O Patriarcado
de Moscovo acolheu, de facto, de uma forma muito optimista a eleição do Cardeal Joseph
Ratzinger, esperando melhorias substanciais no relacionamento mútuo através da diminuição
da “acção missionária católica” nos territórios da antiga URSS.
A solução deste problema, contudo, não se afigura fácil: o Patriarca Ortodoxo tem
insistido na tese de "proselitismo católico" na Rússia e nas outras onze repúblicas
da ex-União Soviética. Acusando católicos e protestantes de proselitismo, Alexis II
pretende que o Cristianismo na Rússia seja sinónimo exclusivo de Igreja Ortodoxa.
A acusação de proselitismo, de facto, deveria ser aplicado apenas a casos de conversão
forçada ou recrutamento de fiéis através de fraude ou engano, o que não é o caso na
Rússia de hoje.