Comunidade internacional procura evitar que piore a situação na Guiné Bissau
Os quatro partidos guineenses que apoiam Kumba Ialá na decisão de se autoproclamar
chefe de Estado anunciaram uma "gigantesca manifestação" para domingo. Ao mesmo tempo
que o Governo guineense, que tem somado apoios internacionais (sobretudo da ONU) na
determinação de concretizar as eleições de 19 de Junho, afirmava não estar preocupado,
o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, felicitava a Polícia e os militares pela
resposta dada anteontem aos manifestantes.
Ao mesmo tempo, procurando evitar que a situação possa piorar, ONU, Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental e CPLP multiplicam esforços em diferentes tabuleiros
regionais, nomeadamente junto do Senegal e da Guiné-Conacri.
Os apoiantes do Kumba Ialá garantem que a anunciada manifestação insere-se nas acções
da campanha eleitoral, "e não de tomada de Poder", e que será pedida a respectiva
autorização.
O Governo explica que, "se respeitar a lei, a manifestação será autorizada", acrescentando,
contudo, que depois das "violentas e desestabilizadoras afirmações de Kumba Ialá,
é legítimo que num Estado de Direito as forças de segurança estejam atentas e não
permitam, se for o caso, atropelos ou acções que possam pôr em perigo a estabilidade
o país".
De qualquer modo, a classe política, sobretudo os principais candidatos às presidenciais,
temem que Kumba Ialá vá tentar tudo para, antes de 19 de Junho, tomar o poder ou criar
uma situação de caos que "obrigue" os militares a agir.
No entanto, pela via diplomática, continuam os contactos do representante permanente
das Nações Unidas com as chefias militares guineenses, procurando dessa forma informá-las
de que qualquer convulsão social poderá significar - para além da instabilidade interna
- que a comunidade internacional deixará de ajudar o país.
Entretanto, o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau anunciou ter deferido os
recursos de três das sete candidaturas às eleições presidenciais que havia "chumbado"
a 10 deste mês, readmitindo a que mais espanto provocou entre a classe política, a
de Francisco Fadul.
Ontem, foram também readmitidas as candidaturas de Ibraima Sow, líder do Partido do
Progresso, e do independente Empossa Ié. Com a decisão do Supremo, vão apresentar-se
às presidenciais 17 candidatos, entre eles uma mulher - Antonieta Rosa Gomes. Doze
são apoiados por partidos políticos e os restantes são independentes.