Bento XVI: um mês de pontificado na continuidade do seu predecessor
Bento XVI foi eleito no passado dia 19 de Abril como 265º Papa da história da Igreja,
num dos Conclaves mais rápidos de sempre. O clima de desconfiança que se gerou, em
alguns meios, após esta eleição não tem sido confirmado neste primeiro mês de pontificado,
no qual o Papa tem repetido os apelos ao diálogo entre religiões e culturas de João
Paulo II.
O Cardeal Joseph Ratzinger para alguns, sobretudo que não o conheciam, personificava,
o que de pior tinha acontecido no pontificado de João Paulo II; mas felizmente já
há quem mudou de opinião. O Papa apresenta-se como um homem simples, algo tímido,
e de imensas qualidades humanas e intelectuais, para além da capacidade teológica.
O novo Papa declarou a intenção de cumprir a sua missão "com simplicidade e disponibilidade".
Sabe que foi eleito para “reger e guiar” uma Igreja em mutação, marcada pelo pontificado
excepcional de João Paulo II, e não o esquece: muitas têm sido as referências ao seu
predecessor, que renovou profundamente o papado.
Enquanto se aguardam posições concretas sobre matérias teológicas e disciplinares
que agitam a Igreja (e o mundo), Bento XVI começa a cativar pela simplicidade que
ele apresenta como marca para o seu pontificado.
As três palavras chaves escolhidas, nestes 30 dias, são diálogo, missão e abertura.
Mesmo quando não as pronuncia, elas estão presentes no seu pensamento.
Tendo em conta os “antecedentes” do Papa, essa escolha poderia parecer surpreendente,
mas a opção mais não faz do que confirmar a determinação de um homem de Igreja, que
quer levar a mensagem do Evangelho a todos os homens. É a vocação universal da Igreja
que está em causa.
Bento XVI tem centrado várias das suas intervenções no início de pontificado sobre
um tema que se está a tornar uma chave do seu pensamento papal: a abertura da Igreja
ao mundo. Era fácil adivinhar esta faceta do novo Papa quando, logo desde os primeiros
momentos, fez questão de “jurar” fidelidade ao pensamento e à dinâmica do II Concílio
do Vaticano. Bento XVI é, aliás, um dos teólogos mais ligados à Constituição pastoral
“Gaudium et Spes”, sobre a relação da Igreja com o mundo.
Não surpreendeu, portanto, que o primeiro encontro do Papa com o corpo diplomático
acreditado junto da Santa Sé tenha decorrido neste clima de abertura, com um convite
expresso a todos os países que ainda não têm laços diplomáticos com a Santa Sé para
que dêem passos nesse sentido (e é impossível não pensar na China), para que os laços
da Igreja Católica com esses povos tenha concretização específica nesta área.
Além desta abertura diplomática, foram visíveis as intenções de dialogar com as outras
Igrejas cristãs e demais confissões religiosas.