Realizar conjuntamente uma sociedade pacifica, para vencer a tentação de confrontos
entre culturas, etnias e mundos diferentes: este o apelo do Papa na audiência ao Corpo
Diplomático.
Favorecer o “diálogo entre todos os homens, para superar todas as formas de conflito
e de tensão, e para fazer da nossa terra uma terra de paz e de fraternidade”: este
o propósito reafirmado pelo novo Papa Bento XVI, recebendo nesta quinta-feira de manhã,
no Vaticano, o Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé.
Agradecendo aos diplomatas presentes, e através deles às autoridades dos países que
representam, os muitos sinais de presença e afecto manifestados por ocasião do falecimento
de João Paulo II e da eleição do novo papa, Bento XVI começou por evocar “o longo
e frutuoso ministério do bem-amado” antecessor:
« Infatigável missionário do Evangelho nos numerosos países que visitou, João Paulo
II prestou também um serviço único à causa da unidade da família humana. Mostrou o
caminho para Deus, convidando todos os homens de boa-vontade a reavivarem sem cessar
a sua consciência e a edificarem uma sociedade de justiça, de paz, de solidariedade,
na caridade e no perdão recíproco”
« Pela minha parte – prosseguiu o Papa Ratzinger – venho de um país onde a paz e a
fraternidade são caras ao coração de todos os habitantes, nomeadamente daqueles que,
como eu, conheceram a guerra e a separação entre irmãos pertencentes à mesma nação,
devido a ideologias devastadoras e inumanas que, a coberto de sonhos e de ilusão,
faziam pesar sobre os homens o jugo da opressão”.
Bento XVI declarou-se, assim, “particularmente sensível ao diálogo entre todos os
homens, para ultrapassar todas as formas de conflito e de tensão e para fazer da nossa
terra uma terra de paz e de fraternidade”.
“Conjugando esforços, as comunidades cristãs, os responsáveis das nações, os diplomatas
e todos os homens de boa-vontade são chamados a realizar – conjuntamente - uma sociedade
pacífica, para vencer a tentação de confrontos entre culturas, etnias e mundos diferentes.
Para isso, cada povo deve encontrar e valorizar – a partir do seu próprio património
espiritual e cultural, os melhores valores de que é portador, para ir sem receio ao
encontro dos outros, aceitando partilhar as suas riquezas espirituais e materiais
em benefício de todos”.
No que lhe diz respeito (prosseguiu Bento XVI), “a Igreja não cessa de proclamar e
defender os direitos humanos fundamentais, infelizmente ainda violados em diferentes
partes da terra, e actua em favor do reconhecimento dos direitos de cada pessoa humana
à vida, ao alimento, a um tecto, ao trabalho, aos serviços de saúde, à protecção da
família e promoção do desenvolvimento social, no respeito pela dignidade do homem
e da mulher, criados à imagem de Deus”.
Nesta ordem de ideias se insere a actividade da Igreja e a colaboração que continuará
a prestar, a favor do bem comum universal, assegurou o Papa Bento XVI, a concluir
o seu discurso ao Corpo Diplomático:
« A Igreja Católica, no âmbito e com os meios que lhe são próprios, continuará a oferecer
a sua colaboração a favor da salvaguarda da dignidade de cada homem e do serviço do
bem comum. Ela não pede qualquer privilégio, mas unicamente – as legítimas condições
de liberdade e de acção para desenvolver a sua missão. No concerto das nações, a Igreja
deseja favorecer sempre o entendimento entre os povos e a cooperação fundados numa
atitude de lealdade, discrição e cordialidade”.