"Aprender a ler na história" as mensagen de Deus: Este o convite de Bento XVI na audiencia
geral desta quarta feira, com uma primeira saudação em português.
“A história não está nas mãos de potências obscuras, do acaso ou de meras decisões
humanas”. “Deus não é indiferente às vicissitudes humanas, mas nelas penetra realizando
as suas ‘vias’, ou seja os seus projectos e as suas ‘obras’ eficazes”. “Existe a possibilidade
de reconhecer o agir divino escondido na história”.
Afirmações de Bento XVI, na audiência-geral desta quarta-feira, com dezassete mil
peregrinos congregados na Praça de São Pedro, sob um sol primaveril. Entre os diferentes
grupos presentes, encontravam-se alguns de língua portuguesa, expressamente cumprimentados
pelo Papa:
"Saúdo com afecto os peregrinos de língua portuguesa, especialmente alguns visitantes
brasileiros. A todos convido para que se preparem à Festividade de Pentecostes, evocando
as luzes do Espírito Santo a fim de caminharem com optimismo e fé nas batalhas da
vida, até ao encontro com o Senhor no seu Reino. Com a minha Bênção Apostólica."
Prosseguindo o comentário dos Salmos e cânticos de Vésperas – que João Paulo II vinha
desenvolvendo – Bento XVI deteve-se sobre o breve Cântico do capít.15 do Apocalipse,
um “hino de louvor ao Senhor Deus omnipotente”, sublinhando que o Apocalipse é um
livro de salvação e de esperança, pois “a história não está nas mãos de potências
obscuras, do acaso e de meras opções humanas”.
“Acima do desencadear-se de energias malvagens, acima da veemente irrupção de Satanás,
acima do emergir de tantos flagelos e males, se eleva o Senhor, árbitro supremo dos
acontecimentos históricos. Ele conduz com sapiência a história em direcção ao dealbar
dos novos céus e da nova terra”.
E a entoar este cântico de louvor são “os justos da história, os vencedores da Besta
satânica, aqueles que, através da aparente derrota do martírio são, na realidade,
os construtores do mundo novo, tendo Deus como artífice supremo”.
A intervenção de Deus tem um objectivo bem preciso – observou ainda Bento XVI: “ser
um sinal que convida à conversão todos os povos da terra”. “As nações devem aprender
a ‘ler’ na história uma mensagem de Deus. A aventura da humanidade não é confusa e
sem significado, nem está votada sem apelo à prevaricação dos prepotentes e dos perversos.
Pode-se reconhecer o agir divino escondido na história”.
Até o II Concílio do Vaticano convida o crente a prescrutar, à luz do Evangelho,
os sinais dos tempos para ver neles a manifestação do próprio agir de Deus, abrindo-se
ao “temor do Senhor”. Neste contexto, Bento XVI fez questão de esclarecer – em parte
improvisando, para além do texto preparado – que na linguagem bíblica este “temor
de Deus” não coincide com o “medo”, mas é – isso sim – “o reconhecimento do mistério
da transcendência divina”, estando portanto na base da fé, entrelaçado com o amor.
“Graças ao temor do Senhor não se tem medo do mal disseminado na história, mas retoma-se
com vigor o caminho da vida”.
No final, o Papa quis ainda recordar que 13 de Maio se celebra a memória litúrgica
de Nossa Senhora de Fátima, exortando os fiéis a dirigir-se confiada e incessantemente
a Maria, confiando-lhe todas as necessidades.