2005-05-03 16:48:18

Secretário Geral da ONU advoga revisão do tratado de não proliferação nuclear


O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou nesta segunda feira que o Tratado de Não-Proliferação (TNP) nuclear poderá tornar-se "obsoleto" devido ao desenvolvimento tecnológico, apelando à sua revisão. Annan desafiou o mundo a dar uma nova vida ao TNP, no discurso de abertura nas Nações Unidas, em Nova Iorque, de uma conferência, com a duração de um mês, que visa actualizar o tratado.
Annan exortou os 188 Estados membros do TNP a "deixarem de lado a retórica e a política" e avançarem para um mundo "sem armas nucleares". Retomando as palavras de Robert Oppenheimer, um dos "pais" da bomba atómica, o secretário-geral da ONU lembrou que "os povos do mundo devem unir-se ou deixarão de existir".
Esta conferência surge num clima de tensão, agravado no passado fim-de-semana pela afirmação do Irão de que poderia retomar o enriquecimento de urânio. Nesta segunda feira Teerão veio dizer que "de momento" não tem intenção de retomar essa actividade e que a sua decisão ainda está "em aberto". Horas antes, a Alemanha ameaçara pôr fim às negociações irano-europeias, caso Teerão mantivesse a sua intenção.
Quanto à Coreia do Norte, que afirmou recentemente possuir a bomba atómica e se retirou do TNP, realizou domingo o ensaio de um míssil de curto alcance. A Coreia do Sul e o Japão vieram ontem desdramatizar a importância deste ensaio. Os EUA, pelo contrário, qualificaram a atitude da Coreia do Norte como uma "provocação". Numa ameaça velada, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmou que os EUA têm meios de dissuasão "importantes e variados" para atenuar a ameaça nuclear norte-coreana.
A entrada em vigor do TNP em 1970 (com revisões de cinco em cinco anos), representou um marco para um mundo em clima de Guerra Fria. O tratado tinha como objectivo impedir a disseminação de armas nucleares além das cinco potências nucleares "declaradas" França, Reino Unido, China, EUA e União Soviética. Receava-se então que, sem este acordo, pudessem surgir outros 15 ou 20 estados "atómicos" em poucos anos.
Assinado por 188 países (com a saída da Coreia ficaram 187) o TNP visa ainda promover a cooperação no uso pacífico da energia nuclear e promover o desarmamento nuclear. Apenas três países no mundo não assinaram o TNP Índia, Paquistão Israel. Todos eles possuem armas nucleares (apesar de Israel nunca o ter admitido).
Ontem Annan sublinhou que a comunidade internacional deve rever o tratado de forma a que "não se aprofunde o fosso entre as promessas e a acção.







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