O conflito que opõe a hierarquia católica timorense ao governo conheceu ontem novos
pormenores. Ao mesmo tempo que durante a manhã decorria em Díli a sessão de encerramento
da reunião do governo com os parceiros de desenvolvimento, José Ramos-Horta, chefe
da diplomacia timorense, reunia com D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau e uma
das principais figuras do processo de contestação da igreja ao primeiro- ministro
Mari Alkatiri.O ministro dos Negócios Extrangeiros timorense Ramos Horta destacou
que da parte da hierarquia da igreja "há vontade genuína de encontrar uma via para
se retomar o diálogo e responder às suas legítimas preocupações".Enquanto Ramos-Horta
fazia estas declarações à Lusa, no Paço Episcopal de Díli chegava ao fim uma longa
reunião entre representantes dos manifestantes, provenientes das dioceses de Díli
e Baucau, e representantes do bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva.No final
da reunião, que se prolongou por seis horas, o Vigário-geral de Díli, padre Apolinário
Guterres, orientou os representantes dos manifestantes para lerem um comunicado de
imprensa em que se reafirma a exigência da demissão do primeiro-ministro, mas a que
se adiciona um novo pormenor: o apelo à intervenção directa do presidente da República,
Xanana Gusmão."Pedimos ao senhor presidente para continuar a ser os nossos olhos,
os nossos ouvidos, como prometeu durante campanha eleitoral.Xanana Gusmão tem repetidamente
defendido que enquanto guardião da Constituição não permitirá quemanifestações de
rua ponham em causa a legitimidade obtida por via das urnas.A Lusa obteve do gabinete
do primeiro-ministro a garantia que Mari Alkatiri "continua disponível para o diálogo
construtivo" com a hierarquia católica timorense.