2005-04-24 14:34:57

O inicio do Ministério petrino do Bispo de Roma Bento XVI. A crónica


O Papa Bento XVI presidiu na manhã deste domingo na Praça de S. Pedro a Missa solene que assinalou o inicio do seu pontificado. Na celebração participaram cerca de 400 mil pessoas e delegações cristãs e oficiais de 120 paises.Estiveram presentes, entre outros, o chanceler e o presidente alemães, Gerhard Schroeder e Horst Koehler, o chefe do Governo francês Jean-Pierre Raffarin, e os presidentes da República Checa e da Colômbia, Vaclav Klaus e Alvaro Uribe. O Rei Juan Carlos e a Rainha Sofia, de Espanha, e os herdeiros do trono belga, o príncipe Filipe e a princesa Mathilde, também estiveram presentes. O Estado angolano esteve representado pelo presidente da Assembleia Nacional, Roberto de Almeida.
De Portugalalém do primeiro-ministro, José Sócrates, estiveram presentes os dois cardeais portugueses, D. José Policarpo e D. José Saraiva Martins que faziam parte do grupo de concelebrantes, e, ainda, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, o bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria, e o bispo auxiliar de Évora, D. Amândio Tomás, amigo pessoal do Papa Ratzinger.
A Missa de inauguração do Pontificado, iniciou com uma homenagem ao "Trophaeum", isto é, ao túmulo de São Pedro.
Antes de chegar ao átrio da Basílica, perante uma Praça repleta de fiéis, o novo Papa e os Cardeais reuniram-se em volta do altar da Confissão. Bento XVI e os Patriarcas das Igrejas Orientais desceram para rezar diante do túmulo do Apóstolo Pedro, sobre o qual estavam desde a noite de ontem o Pálio Petrino e o Anel do Pescador.
A longa procissão prosseguiu até ao altar preparado na Praça de São Pedro ao som das “Laudes Regiae”, uma oração litânica. A multidão recebeu o Papa com uma prolongada salva de palmas. Bento XVI, visivelmente emocionado, sorriu e saudou os fiéis.
O pálio recebido hoje pelo Papa é inovador e resulta de uma investigação histórica em que houve o cuidado de recuperar a estola de lã tal como era usada na Idade Média. Desta forma, este tem de comprimento mais 12 centímetros e ao contrário de ter gravadas cruzes negras, a cor destas é agora vermelha que representa o sangue do martírio. É preso com três broches, que simbolizam os cravos da Cruz.
Um dos momentos altos da missa foi de facto a colocação do pálio sobre os ombros de Bento XVI. OPapa escolheu o modelo do seu pálio, juntando uma espécie de pequena estola, que lhe penderá no peito do lado esquerdo, sinal da ovelha tresmalhada, rematada com um fundo negro a significar o rebanho. A grande simbologia é a que vem narrada nos evangelhos para traduzir a missão que Cristo confiou a Pedro "Apascenta as minhas ovelhas". Para o seu pálio, Bento XVI inspirou-se nos mosaicos de Ravena e da Basílica de Santa Cecília em Roma.
O anel de pescador, que hoje também foi entregue ao Papa, é o símbolo da autenticidade da fé. Foi confiada a Pedro, que era pescador, e aos seus sucessores, a missão de confirmar os seus irmãos na fé. Normalmente, tem desenhada um barco de pesca, mas o de Bento XIV leva a imagem de peixes. É não só um símbolo evangélico como um dos sinais que os primeiros cristãos, na clandestinidade, desenhavam nas portas, paredes ou caminhos para comunicar com quem partilhava a sua fé. A palavra grega para designar peixe, letra a letra, também se pode ler como sigla de Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador do Mundo,
Diferentemente de João Paulo II, Bento XVI vai usá-lo no dedo. Foi confeccionado à medida pelo vice-presidente dos ourives de Roma.
As três leituras da Liturgia da Palavra foram extraídas dos Actos dos Apóstolos, da 1ª Carta de São Pedro e do Evangelho de São João.E depois da proclamação do Evangelho o cardeal protodiácono Jorge Medina Estevez entregou ao Papa o palio petrino, e o decano do colégio cardinalício, cardeal Ângelo Sodano entregou-lhe o anel do pescador.
A Bento XVI prestou depois obediência uma representação de doze pessoas: três cardeais, um bispo, um presbítero, um diácono, dois religiosos, um casal de esposos e dois jovens crismados, provenientes de várias partes do mundo.
Na oração universal, em várias línguas, havia também uma súplica em Português, na voz de Isabel Taleia : O Deus de toda a graça, que nos chamou em Cristo, confirme os nossos propósitos e nos torne vigorosos e inabaláveis na fé".
A cerimónia litúrgica, terminou com o novo Papa Bento XVI, a dar abênção apostólica, ‘Urbi et Orbi’, à cidade e ao Mundo e o banho de multidão. Bento XVI atravessou a Praça de São Pedro a bordo do papamóvel, descoberto e sem nenhum tipo de protecção à prova de bala, saudando os peregrinos naquele que foi o seu primeiro encontro deste género com fiéis de todo o mundo.
Bandeiras de inúmeros países, desfraldadas ao vento, marcaram a universalidade deste gesto.








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