2005-04-20 09:55:01

Joseph Ratzinger,um dos teólogos mais influentes da Igreja:a eleição de Bento XVI prefigura continuidade nas questões fundamentais


O Cardeal Joseph Ratzinger, novo Papa da Igreja Católica, é um brilhante teólogo alemão que João Paulo II quis chamar para junto de si, nomeando-o em 1981 Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Bento XVI é considerado como uma das referências obrigatórias em assuntos doutrinais nos últimos anos de história da Igreja Católica, granjeando por isso o respeito de muitos, mas a oposição de tantos outros.
Ao Papa peregrino sucede-se o Papa professor, que nunca deixou de pensar, escrever e publicar teologia. A sua “Introdução ao Cristianismo” marcou a renovação da consciência cristã nas últimas décadas.
A fidelidade à verdade e a preocupação com a unidade do rebanho manifestada nos anos à frente de um dos mais importantes Dicastérios da Cúria Romana levaram-no a defender a ortodoxia em praticamente todas as áreas da vida da Igreja. Uma atitude muitas vezes classificada como conservadora e que criou fortes tensões no seio da Igreja.
Os Cardeais eleitores optaram, claramente, pela continuidade com o excepcional pontificado de João Paulo II ao eleger um novo Papa procedente da Cúria Romana. Aos 78 anos, Bento XVI tem atrás de si um passado de dedicação indesmentível ao programa eclesial e teológico do seu predecessor, com quem se encontrava semanalmente para discutir assuntos doutrinais e da vida eclesial
A sua opinião foi sempre tida em consideração quando era hora de definir as prioridades da Igreja, sobretudo no que diz respeito aos desafios doutrinais e morais, áreas em que não se esperam grandes inovações em relação ao que Bento XVI afirmou enquanto Cardeal.
O novo Papa nunca gostou de ser chamado “o grande inquisidor”, mas o mundo atribui-lhe, injustamente, a imagem de "carrasco" - o seu papel como responsável pela recta doutrina católica escureceu, porventura, as grandes posições assumidas nestes anos.
A sua missão, de facto, levou-o a silenciar teólogos, condenar livros, combater a teologia da libertação, limitar avanços ecuménicos, reduzir o papel das conferências episcopais, exigir coerência aos políticos católicos e enfrentar os casos mais delicados na área da teologia. A acção de Bento XVI, contudo, deve ser entendida à luz da sua convicção de fundo: o serviço à Verdade não admite distorções, relativismo, desvios.
Quando ele fala, as pessoas ouvem: as suas intervenções são pesadas e medidas, aparecendo como referência do pensamento eclesial.
Na sua primeira aparição pública, após a eleição, o novo Papa definiu-se como “simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor” e diz quem o conhece que não foi falsa modéstia: a humildade é uma das suas principais características.
Concorde-se ou não com este homem apaixonado a quem os Cardeais eleitores hoje confiaram o governo da Igreja, a sua análise é quase sempre certeira: após a queda do comunismo, escolheu como adversário o relativismo e deixou claro que a Igreja deve apresentar e defender posições absolutas, como referências dogmáticas.
As posições de Bento XVI não são caprichos, resultam de anos de estudo, ministério pastoral e experiência no Vaticano. Homem simples, vivia num apartamento ao lado da Porta de Santa Ana, no Vaticano, e costumava atravessar a pé a Praça de São Pedro, raramente atraindo as atenções.
O 265º Papa da história da Igreja foi eleito num dos Conclaves mais rápidos de sempre. Não é um desconhecido, como foi Karol Wojtyla, mas um reconhecido teólogo bávaro de inteligência excepcional. Hoje, como há quase 27 anos, contudo, o mundo continua por conquistar: o servo dos servos de Deus tem um grande desafio diante de si.







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