Missão: pão partido para a vida do mundo. A mensagem para o dia mundial das missões
2005 ,assinada por João Paulo II.
No passado dia 22 de fevereiro o Papa João Paulo II tinha assinado a mensagem anual
para o dia mundial das missões, estabelecendo que fosse publicada neste dia 15 de
Abril para permitir aos bispos do mundo inteiro a sua difusão para uma preparação
adequada da celebração no quarto domingo de Outubro.
A mensagem tem como titulo :missão pão partido para a vida do mundo.
O Papa salienta antes de mais que a humanidade tem necessidade de Cristo, «pão partido»
Na nossa época, a sociedade humana parece envolvida por trevas densas, enquanto é
abalada por acontecimentos dramáticos e confundida por calamidades naturais catastróficas.
Contudo, assim como fez «na noite em que era entregue» (1 Cor 11, 23) também hoje
Jesus «parte o pão» (cf. Mt 26, 26) por nós e, nas celebrações eucarísticas, oferece-se
a si mesmo sob o sinal sacramental do seu amor por todos. Por isso - salienta João
Paulo II- desejei recordar que «a Eucaristia não é expressão de comunhão apenas na
vida da Igreja; é também projecto de solidariedade em prol da humanidade inteira»
; é «pão do céu», que, dando a vida eterna, abre o coração dos homens a uma grande
esperança.
O próprio Redentor, que à vista da multidão necessitada sentiu compaixão, «pois ela
estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor» (Mt 9, 36), presente na Eucaristia,
continua ao longo dos séculos a manifestar compaixão pela humanidade pobre e sofre-dora.
E é em seu nome – acrescente depois o Papa -que os agentes no campo da pastoral e
os missionários percorrem caminhos inexplorados, para levar o «pão» da salvação a
todos. Eles são animados pela consciência de que, unidos a Cristo, «centro não só
da história da Igreja, mas também da história da humanidade (cf. Ef 1, 10; Cl 1, 15.20)»
, é possível satisfazer as expectativas mais íntimas do coração humano. Somente Jesus
pode saciar a fome de amor e a sede de justiça dos homens; somente Ele torna possível
a cada pessoa a participação na vida eterna: «Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu:
se alguém comer deste pão, viverá eternamente» (Jo 6, 51).
João Paulo II recorda depois que juntamente com Cristo, a Igreja faz-se «pão partido»
Quando celebra a Eucaristia, de modo especial no domingo, dia do Senhor, a Comunidade
eclesial experimenta à luz da fé o valor do encontro com Cristo crucificado e adquire
cada vez mais consciência de que o Sacrifício eucarístico é «por muitos» (Mt 26, 28).
Se nos alimentámos do Corpo e do Sangue do Senhor crucificado e ressuscitado, não
podemos conservar este «dom» somente para nós. Pelo contrário, é necessário difundi-lo.
O amor apaixonado por Cristo leva ao anúncio corajoso de Cristo; anúncio que, com
o martírio, se torna oferta suprema de amor a Deus e aos irmãos. A Eucaristia leva
a uma acção evangelizadora generosa e a um compromisso efectivo na edificação de uma
sociedade mais equitativa e fraterna.
O Papa faz votos a fim de que o Ano da Eucaristia estimule todas as comunidades cristãs
a ir ao encontro, «com operosidade fraterna [...] das muitas pobrezas do nosso mundo»
(Mane nobiscum Domine, 28). E isto porque «do amor mútuo e, em particular, da solicitude
por quem passa necessidade, seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo
(cf. Jo 13, 35; Mt 25, 31-46). Com base neste critério, será comprovada a autenticidade
das nossas celebrações eucarísticas» (Mane nobiscum Domine, 28).
A concluir a sua mensagem para o dia mundial das missões João Paulo II recorda os
missionários, «pão partido» para a vida do mundo
Quantos mártires missionários, neste nosso tempo! O seu exemplo leve numerosos jovens
a percorrer o caminho da fidelidade heróica a Cristo! A Igreja tem necessidade de
homens e de mulheres que estejam dispostos a consagrar-se totalmente à grande causa
do Evangelho.
O Dia Missionário Mundial constitui uma circunstância oportuna para tomar consciência
da necessidade urgente de participar na missão evangelizadora, em que se encontram
comprometidas as Comunidades locais e os numerosos Organismos eclesiais e, de modo
particular, as Obras Missionárias Pontifícias e os Institutos Missionários. Trata-se
de uma missão que, além da oração e do sacrifício, espera também um apoio material
concreto.
A Virgem, Mãe de Deus, nos ajude a reviver a experiência do Cenáculo, para que as
nossas Comunidades eclesiais se tornem autenticamente «católicas»; ou seja, Comunidades
em que a «espiritualidade missionária», que é «comunhão íntima com Cristo» (Redemptoris
missio, 88), se põe em íntima relação com a «espiritualidade eucarística», que tem
como modelo Maria, «mulher “eucarística”» (Ecclesia de Eucharistia, 53); Comunidades
que permanecem abertas à voz do Espírito e às necessidades da humanidade; e Comunidades
onde os fiéis, e especialmente os missionários, não hesitam em fazer-se «pão partido
para a vida do mundo».