2005-04-08 15:50:53

A sepultura do Papa na cripta da Basilica de S. Pedro depois da missa exequial


Uma lápide de pedra numa campa rasa, junto ao túmulo de S. Pedro, na cripta da Basílica onde descansam pontífices e monarcas, assinala a última morada de João Paulo II, que nesta sexta feira foi sepultado no Vaticano. A cerimónia, a que assistiram milhões de fiéis aqui em Roma, seguindo a cerimonia nos ecrãs gigantes deslocados em varias runas, praças e locais da cidade de Roma, e outros milhões e milhões no mundo inteiro graças ás reportagens directas de numerosíssimos canais de televisão, marca o fim do terceiro pontificado mais longo da história da Igreja e abre, em definitivo, o processo de sucessão. O início do Conclave, no qual os cardeais vão eleger o novo Papa, foi de facto marcado para dia 18 deste mês.
João Paulo II, com as vestes litúrgicas, foi sepultado com um véu de seda branca a cobrir-lhe o rosto e tem nas mãos um rosário. A história da sua vida escrita em Latim, num documento lacrado, e uma bolsa com todas as moedas cunhadas durante o seu pontificado foram também colocados junto ao corpo.
A Missa exequial foi celebrada pelos Cardeais e Patriarcas das Igrejas Orientais. Presidiu à concelebração o Cardeal Joseph Ratzinger, Decano do Colégio Cardinalício.
As vestes litúrgicas foram de cor vermelha, a cor do funeral do Papa.
É com o coração cheio de tristeza, mas também de jubilosa esperança e de profunda gratidão” que “hoje depomos na terra, como semente de imortalidade, os restos mortais” do “nosso saudoso e amado Papa João Paulo II”: palavras do cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício que sublinhou que “foi o amor de Cristo a força dominante do nosso amado Santo Padre”. Foi “graças a este profundo enraízamento em Cristo” que ele pôde carregar um peso que vai para além das forças puramente humanas: ser pastor do rebanho de Cristo, da Igreja universal”.
Recordando o inesquecível gesto do Papa no domingo de Páscoa, marcado pelo sofrimento, assomando ainda uma vez à janele e dando pela última vez a bênção “Urbi et Orbi”, o cardeal Ratzinger concluiu a sua homilia numa alusão directa ao Papa defunto, no que constituiu ao mesmo tempo uma encomendação a Deus e uma invocação da sua bênção, dos céus:
“Podemos ter a certeza de que o nosso amado Papa está agora à janela da casa do Pai, nos vê e nos abençoa. Sim, abençoe-nos. Sim, dê-nos a sua bênção, Santo Padre. Confiamos a tua cara alma à Mãe de Dus, tua Mãe, que te guiou em cada dia e ti guiará agora à glória eterna do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor. Amen”
Aos jovens o cardeal Ratzinger deixou uma saudação especial, sublinhada por uma longa salva de palmas, lembrando que João Paulo II via neles o futuro da Igreja.
Treze salvas de palmas sublinharam a homilia, que terminou ao som de “ Santo subito, Santo subito ” (Santo imediatamente) atirado por milhares de fiéis.
As intenções da oração Universal dos fiéis foram propostas em francês, italiano, swahili, filipino, polaco, alemão,e português, : por João Paulo II; pela Igreja; pelos povos de todas as nações; por todos os fiéis defuntos; e por todos os fiéis reunidos em assembleia litúrgica.
Terminada a missa, o Decano do Colégio Cardinalício deslocou-se para junto do féretro,seguindo-se a súplica da Igreja de Roma ,pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário geral para a Diocese de Roma e a. súplica das Igrejas Orientais .
Finalmente Decano do Colégio Cardinalício aspergiu com água benta o corpo do Papa e incensou-o.
Todos os representantes da Igreja passaram junto ao caixão, antes de um segundo cortejo fúnebre, mais restrito, começar aquela que foi a última viagem de João Paulo II.
A descida do corpo à cripta da Basílica de S. Pedro foi acompanhada apenas por alguns membros da hierarquia da Igreja. Acompanharam o féretro o Cardeal Camerlengo, os primeiros Cardeais de cada ordem (diaconal, presbiteral e episcopal), o Cardeal Arcipreste da Basílica de São Pedro, o Cardeal Secretário de Estado, o Cardeal vigário de Roma, o substituto da Secretária de Estado, o prefeito da Casa Pontifícia, o vice-Camerlengo e uma representação dos cónegos vaticanos.
Na cripta da Basílica de S. Pedro o caixão de madeira foi embrulhado com fitas vermelhas, nas quais estava o selo do pontificado de João Paulo II, e colocado num segundo caixão, de zinco, imediatamente selado. Por fim, este caixão, que tem gravada uma cruz e o brasão de armas do Papa, foi colocado numa terceira urna, de olmo. Coube a um responsável da Basílica de S. Pedro ler, perante testemunhas, o documento oficial do funeral, que foi depois assinado por representantes da Santa Sé.
João Paulo II foi depois sepultado na terra, no mesmo local onde, até há cinco anos, esteve o corpo de João XXIII – beatificado e transferido para a capela de S. Jerónimo, na Basílica. Uma lápide de pedra, simples e sóbria, assinala agora a sua última morada. Apenas um nome e duas datas: João Paulo II, 16-10-1978 e 2-4-2005.
De acordo com o director adjunto da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Ciro Benedittini, o túmulo de João Paulo II não poderá ser visitado antes da próxima segunda-feira, dia 11 de Abril.
O Pe. Benedittini disse que a cripta estará fechada até segunda-feira e que a Basílica de São Pedro só voltará a abrir as portas amanhã, sábado, às 07h00.
Depois desta declaração o director da Sala de ImprensaJoaquin Navarro Vals afirmou que na proxima segunda feira comunicará a data de abertura da Cripta. O comissário especial italiano da Protecção Civil teria pedido ao Vaticano para adiar para terça feira a abertura para que o defluxo dos fiéis se possa efectuar com tranquilidade








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