Sepultura de João Paulo II em campa rasa depois da celebração da missa de exéquias
Uma lápide de pedra numa campa rasa, junto ao túmulo de S. Pedro, na cripta da Basílica
onde descansam pontífices e monarcas, assinalará a última morada de João Paulo II,
que amanhã será sepultado no Vaticano. A cerimónia, às 10h00, a que assistirão milhões
de fiéis, marca o fim do terceiro pontificado mais longo da história da Igreja e abre,
em definitivo, o processo de sucessão. O início do Conclave, no qual os cardeais vão
eleger o novo Papa, foi marcado para dia 18 deste mês,
João Paulo II, com as vestes litúrgicas, será sepultado com um véu de seda branca
a cobrir-lhe o rosto e terá nas mãos um rosário. A história da sua vida escrita em
Latim, num documento lacrado, e uma bolsa com todas as moedas cunhadas durante o seu
pontificado irão também ser colocados junto ao corpo durante as três horas e meia
da cerimónia fúnebre.
O ‘Universi Dominici Gregis’, que João Paulo II promulgou em 1996, define as regras
para o funeral . Pela ‘Porta da Morte’, o cortejo fúnebre, ao som de cânticos gregorianos,
terminará com o caixão de cedro de João Paulo II junto ao altar da Basílica de S.
Pedro, ao lado do círio pascal, de um crucifixo e de uma Bíblia. Vestidos de vermelho,
os prelados estão atrás do altar: religiosos de um lado, representantes seculares,
no outro.
O cardeal Joseph Ratzinger, decano do colégio de cardeais, presidirá à missa das exéquias,
à qual assistirão também milhões de fiéis espalhados por toda a cidade – e que poderão
acompanhar a cerimónia através de ecrãs gigantes.
Terminada a missa, o cardeal alemão caminhará à volta do caixão com água benta e incenso.
Todos os representantes da Igreja passarão junto ao caixão, antes de um segundo cortejo
fúnebre, mais restrito, começar aquela que será a última viagem de João Paulo II.
A descida do corpo à cripta da Basílica de S. Pedro será acompanhada apenas pelos
mais altos membros da hierarquia da Santa Sé. Aí, o caixão de madeira será embrulhado
com fitas vermelhas, nas quais estará o selo do pontificado de João Paulo II, e colocado
num segundo caixão, de zinco, que é imediatamente selado. Por fim, este caixão, que
terá gravada uma cruz e o brasão de armas do Papa, será colocado numa terceira urna,
de olmo. Cabe a um responsável da Basílica de S. Pedro ler, perante testemunhas, o
documento oficial do funeral, que será depois assinado por representantes da Santa
Sé.
João Paulo II será então sepultado na terra, no mesmo local onde, até há cinco anos,
esteve o corpo de João XXIII – beatificado e transferido para a capela de S. Jerónimo,
na Basílica. Uma lápide de pedra, simples e sóbria, assinalará a sua última morada.
Apenas um nome e duas datas: João Paulo II, 16-10-1978 e 2-4-2005.