Na véspera do funeral de João Paulo II,situação mais calma. Mas Roma vai parar nesta
sexta feira
Uma certa normalidade parece estar a regressar lentamente a Roma, depois de as autoridades
italianas e do Vaticano terem ontem decidido impedir, 24 horas antes do encerramento
da basílica de São Pedro, que mais pessoas se juntassem às filas dos que pretendem
ver e homenagear o corpo do Papa João Paulo II. Mais de um milhão de fiéis terá passado
ontem pela Basílica de São Pedro.
As filas acumuladas ao final da noite de quarta-feira chegaram a estender-se por cerca
de 10 quilómetros.
O mar de gente que inundou Roma e o Vaticano deixou as autoridades locais "sem capacidade"
para acolher os milhões de peregrinos que convergiram para as últimas exéquias a João
Paulo II. A protecção civil italiana tem pedido insistentemente, através da Rádio
Vaticano, a quem chegar hoje para não se dirigir à Praça de São Pedro com o objectivo
de participar no funeral, dado que será impossível albergar todas as pessoas neste
local.
Como tal, sete zonas da cidade de Roma, incluindo os Estádios Olímpico e Flaminio,
serão equipadas com ecrãs gigantes para permitir aos fiéis acompanhar a missa exequial
do Papa. Atendendo à multidão que enche as ruas de Roma ,será absolutamente impossível
que todos acompanhem o funeral no Vaticano. O presidente da Câmara de Roma admite
que o número de peregrinos a passar pela cidade nestes dias chegue aos 4 milhões.
A informação foi confirmada pelo director da protecção civil italiana, Guido Bertolaso,
que apelou a quem está a chegar a Roma para que não tente sequer chegar ao Vaticano.
"Quem chegar não terá qualquer hipótese de acompanhar o funeral. Pedimos a todos que
vão para Tor Vegata, que está já preparada para acolher milhares de pessoas", frisou.
"Nunca no último século tivemos multidões como estas no espaço de apenas dois dias",
comentou Bertolaso.
Os hotéis ou pensões estão lotados, começam a escassear voluntários para apoio às
multidões e a rede de transportes, fortemente ampliada, é incapaz de suportar a procura,
com os passeios próximos das paragens cheios durante grande parte do dia. Notando
as carências, Bertolaso chegou quarta-feira a apelar aos italianos para que abram
as suas casas aceitando acolher peregrinos sem lugar onde ficar.
A Via della Conciliazione, avenida que desemboca na Praça de São Pedro,dava esta manhã
uma impressão de maior tranquilidade .Ainda terão de passar muitas horas, contudo,
até que o último peregrino entre na Basílica de São Pedro, altura em que o velório
será oficialmente encerrado.
A capital italiana, tomada de assalto pelos peregrinos, vai parar literalmente para
as exéquias do Papa, amanhã. Um número incontável de fiéis e mais de 200 delegações
oficiais de todo o mundo obrigam a todos os cuidados e a medidas de segurança excepcionais.
Já fortemente congestionada depois da chegada de milhões de peregrinos de todo o país
e de todo o mundo, vai paralisar totalmente durante 16 horas, nesta sexta-feira,
para o funeral de João Paulo II.
Num dia de luto nacional, a adicionar aos três dias já marcados no início da semana,
as autoridades anunciaram o fecho de escolas, bares e cinemas, decretando que entre
as 02h00 e as 18h00 será impossível circular em carros privados em toda a cidade de
Roma. Apenas motas e ciclomotores o poderão fazer.
Um cordão de segurança gigante será montado num raio de vários quilómetros em redor
do Vaticano, tanto para garantir as melhores condições possíveis para os milhões de
peregrinos que querem acompanhar o funeral, como para proteger mais de 200 dignitários
de todo o mundo.
No Vaticano esperam-se peregrinos de todo o mundo, mas sobretudo da Polónia, pelo
que serão tomadas medidas de segurança extraordinárias, com forças policiais a controlarem
as auto-estradas e os principais acessos ao local. Entre 10 a 15 mil homens assegurarão
o dispositivo de segurança, que inclui a instalação de mísseis. O espaço aéreo estará
interdito entre quinta e sexta-feira.