Preocupação em Portugal e nas Nações Unidas com a situação politica na Guiné Bissau
O governo português manifestou preocupação pelo "radicalismo e incitamento à violação
da ordem constitucional" na Guiné-Bissau, numa referência implícita às ameaças do
ex-presidente Kumba Ialá de reassumir o poder caso a sua candidatura presidencial
seja recusada.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou também, a semana passada, preocupação
pelos recentes desenvolvimentos políticos na Guiné-Bissau, referindo-se em particular
"à decisão do Partido da Renovação Social (PRS) em escolher o ex-presidente Kumba
Ialá como seu candidato" às próximas eleições presidenciais.
Kumba Ialá ameaçou reassumir o poder, caso os tribunais impeçam a sua candidatura
às eleições presidenciais, indeferindo o seu pedido de impugnação do acto de renúncia
ao poder, assinado no seguimento do golpe de Estado de Setembro de 2003, que o destituiu.
O primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, classificou estas ameaças de "atentado
à segurança do Estado".
O executivo de Portugal reiterou a importância do apoio à Guiné-Bissau das instituições
do sistema das Nações Unidas, em colaboração com outras organizações internacionais
e regionais como a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Outra questão que está a preocupar as autoridades guineenses é o possível regresso
ao país do também ex-presidente João Bernardo "Nino vieira", exilado em Portugal desde
o golpe que o derrubou, a 7 de Maio de 1999.
Carlos Gomes Júnior pediu ao governo português para que desincentive o regresso de
"Nino" Vieira ao país, alegando que constituirá um foco de instabilidade.
Por outro lado, um dos fundadores do Partido da Renovação Social (PRS) afirmou que
os guineenses "não podem cometer a loucura" de votar "outra vez" em Kumba Ialá nas
eleições presidenciais de 19 de Junho próximo na Guiné-Bissau.