João Paulo II foi um Papa com uma sensibilidade pastoral aliada á ousadia e á prudencia
num equilibrio formidável ;um Papa ecuménico e politico no melhor e mais genuino sentido
da palavra. O seu Vaticano foi o mundo inteiro, como o atestam as viagens pastorais
fora da Italia,
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que o levaram, não onde era esperado ou politicamente correcto,mas simplesmente onde
era preciso.João Paulo II nunca abandonou o sonho de uma convivencia planetaria na
qual etica e direito estejam em sintonia;sobretudo não a considerava um sonho mas
sim uma condição concreta para que o mundo do terceiro milenio não caia,como parece
ter caido,numa espiral endemica de conflitos economicos e militares,etnicos e religiosos.
Ao século XXI cenário de recontros de civilizações João Paulo II nas suas palavras
e acções contrapôs sempre a civilização da convivencia e do direito.Daí a sua insistencia
no papel das Nações Unidas e na exigencia de a dotar de meios capazes de garantir
o direito internacional
Mas João Paulo II foi também um Papa escritor: os documentos que sairam da sua caneta
forneceram á Igreja uma doutrina renovada, dialogante com os tempos, a sugerir caminhos,não
ao sabor da moda e á medida do mundo,mas a exigir deste a mudança a adesão a uma cultura
que respeite a vida humana e a dignidade do homem. ( Nos últimos anos da sua vida,
e sobretudo nos últimos meses, mais do que com a palavra e os escritos, João Paulo
II foi com a sua presença sinal de santidade, num mundo de plástico, que hoje precisa
de mulheres e homens como ele que aceitem o mistério daquilo que vivem. Como diz S.
Paulo.”a minha força manifesta-se na minha fraqueza”.Foi precisamente isto que Karol
Wojtyla viveu .
Com João Paulo II a unidade dos cristãos rompeu o universo das boas intenções e hoje
faz parte da dinamica pastoral de muitas das comunidades cristã . Protestantes, católicos
e ortodoxos embora com dificuldade, com passos em frente e alguns recuos, vão apagando
as distancias do passado, construindo um futuro único na especificidade de cada um.
Karol Wojtyla foi também o Papa que em Assis reuniu as religiões do mundo em oração
pela paz,uma prece a diferentes vozes mas com uma unica intenção.
João Paulo II, um Papa construtor da paz, um Papa que pediu perdão pelos erros que
a sua igreja cometeu no passado, um homem que pediu coisas dificeis e que por isso
era tão amado sobretudo pelos jovens, uma geração que num certo sentido, com
a sua morte se sente um pouco órfã. Com os jovens em todas as latitudes e continentes
João Paulo II estabeleceu sempre um feeling muito especial,dizendo-lhes a verdade
sobre o grande misterio da vida com ternura de pai, como fez, por exemplo com os
jovens angolanos a 7 de junho de 1992,em Luanda,convidando-os com vigor a construirem
o futuro na concordia e na paz e encorajando-os a serem testemunhas da fé.