Igrejas cristãs, representantes muçulmanos e judaicos em Portugal, lamentam morte
de João Paulo II
D. Fernando Soares, o presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs - COPIC
(Igrejas Anglicana Lusitana, Metodista e Presbiteriana) -, considera que o Pontificado
de João Paulo II marcou de forma muito positiva o relacionamento entre as diversas
confissões cristãs.
“O que foi fundamental neste Papa foi a sua preocupação por criar condições para que
na própria Igreja Católica houvesse abertura a outras dimensões”, disse à ECCLESIA.
Este responsável refere ainda que João Paulo II deixou uma herança profunda “em todo
o mundo”.
A Comunidade judaica considera que João Paulo II, o primeiro Papa a entrar numa sinagoga,
foi “uma figura excepcional” que deixa marca duradoura. O rabino da Sinagoga de Lisboa
lamentou esta noite a morte do Papa João Paulo II, que considerou uma "figura excepcional
e muito interessante que irá deixar uma marca duradoura" na história da Igreja Católica
e no Mundo. Contactado pela agência Lusa, o rabino Boaz Posh manifestou os sentimentos
de pesar da comunidade israelita em Portugal a todos os católicos, "que vivem um momento
de luto".
João Paulo II foi particularmente importante para a comunidade judaica por ter reconhecido
o Estado de Israel e ter rezado junto ao Muro das Lamentações.
O líder da Comunidade Islâmica de Lisboa, Xeque Munir, manifestou-se também ele solidário
com o mundo católico e considerou João Paulo II como uma pessoa que "respeitava as
outras religiões". "João Paulo II estendeu o braço a todas as religiões e deixou terreno
para o próximo papa", disse o imã da Mesquita de Lisboa.
Manuel Braga da Cruz, Reitor da UCP, considera que o Papa João Paulo II foi uma figura
fundamental “na viragem do mundo e na reunificação da Europa”. Em declarações à ECCLESIA,
este responsável destaca o esforço do Papa por levar a Igreja Católica “ao diálogo
com as várias religiões e as outras religiões cristãs”.
Sobre a relação do Papa com o mundo da cultura, o Reitor da UCP considera que deste
pontificado ficam grandes desafios, “sobretudo no sentido de aproximar a relação entre
a razão e a fé”.
Todos os partidos com assento parlamentar manifestaram as suas condolências pelo falecimento
do Papa. O Governo decretou sábado três dias de luto nacional pela morte do Papa João
Paulo II, em cujas cerimónias fúnebres o Estado Português se fará representar pelo
Presidente da República e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.