2005-04-01 17:20:04

O mundo com os olhos postos em João Paulo II


O caminho de sofrimento do Papa tornou-se repentinamente mais íngreme nas últimas horas, após um choque séptico e uma falência cardio-circulatória que o colocou às portas da morte. João Paulo II reage com serenidade, recebe os colaboradores mais próximos e reza, como tantos no mundo o fazem por ele.
A degradação da saúde de João Paulo II, de 84 anos e que há cerca de dez sofre da doença de Parkinson, acentuou-se no último ano e, especialmente, a partir de Fevereiro passado. Os últimos meses foram marcados por várias situações de crise, com problemas respiratórias que obrigaram a recorrer a uma traqueotomia
A 1 de Fevereiro, o Papa foi hospitalizado na clínica Gemelli devido a uma insuficiência respiratória provocada por uma gripe que a doença de Parkinson complicou. João Paulo II teve alta depois de dez dias de internamento, mas teve de regressar ao hospital a 24 de Fevereiro para ser submetido a uma traqueotomia, para facilitar a respiração.
Depois da alta, a 13 de Março, João Paulo II conseguiu aparecer algumas vezes à janela para saudar os peregrinos na Praça de São Pedro, mas não pôde participar nas celebrações da Semana Santa e da Páscoa, o que aconteceu pela primeira vez no seu Pontificado.
Na passada Quarta-feira, o Papa veio à janela dos seus aposentos uma última vez e tentou falar aos fiéis sem, contudo, conseguir fazê-lo. No mesmo dia, horas depois, foi-lhe colocada uma sonda nasogástrica, por já não ser capaz de se alimentar.
A doença de Parkinson, a artrite e as marcas deixadas pelo atentado de 1981 e algumas quedas são dificuldades que têm abrandado a marcha do “Atleta de Deus”.
A verdade é que desde a operação ao tumor no cólon, em 1992, as vozes que anunciavam um fim próximo nunca se calaram. O seu secretário, D. Stanislaw Dziwisz, insurgiu-se contra os jornalistas, após as celebrações do 25º aniversário do Pontificado, em 2003, lembrando que muitos do que anunciaram a morte do Papa “precederam-no no céu”.
O estado de saúde do Papa tem dado azo, ao longo dos anos, a diversas especulações desde que, no atentado de 13 de Maio de 1981, foi atingido por uma bala. João Paulo II passou 10 vezes pelo hospital, durante o seu Pontificado, embora em Julho de 1993 e Agosto de 1996 se tenha tratado de curtas passagens para ser submetido a um TAC.
Cinco semanas após o atentado, João Paulo II foi novamente hospitalizado em consequência de uma infecção originada pela primeira intervenção cirúrgica.
Em Julho de 1992, o Papa foi operado, desta vez para a extracção de um tumor benigno no cólon. Em Novembro de 1993, João Paulo II foi operado a uma luxação na omoplata, após uma queda acidental, e, em Abril de 1994, foi de novo hospitalizado após ter fracturado o colo do fémur ao escorregar na casa de banho. Em Outubro de 1996, o Papa foi submetido a uma intervenção cirúrgica ao apêndice.
Este foi, verdadeiramente, um caminho da cruz, em que o corpo de João Paulo II deixou de responder à sua vontade. A sua persistência e coragem constitui, para muitos doentes e idosos, uma verdadeira lição numa linguagem que, por não ser verbal, muitos teimam em não entender.







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