O muro de segurança na Cisjordânia está a criar um problema humanitário, denunciou
a Igreja Católica na Terra Santa
O responsável pela Custódia Franciscana na Terra Santa denunciou esta quarta feira
que a construção do “muro de segurança” na Cisjordânia, por parte do governo israelita,
“está a criar um verdadeiro problema humanitário”.
Frei Pierbattista Pizzaballa manifestou a sua preocupação numa mensagem enviada ao
seminário internacional “O muro israelita na Cisjordânia: números e factos”, promovido
em Roma pela Cáritas Italiana.
“O muro de separação divide as famílias, afastando-as dos seus campos, dos meios de
subsistência, e isola mesmo as instituições religiosas. Quem já teve oportunidade
para visitar as áreas onde o muro foi construído pôde experimentar a frustração e
a humilhação suportada todos os dias pelos palestinianos nos postos de controlo”,
esclarece este Franciscano.
A ONU e o Tribunal Internacional de Justiça já condenaram a construção do muro da
Cisjordânia.
Para a Igreja na Terra Santa, esta barreira constitui “um problema ético, mesmo para
a sociedade israelita, que não deve continuar a ignorar o sofrimento causado por esta
construção”. O Custódio Franciscano não nega, contudo, “o direito legítimo e indiscutível
à segurança dos cidadãos israelitas”.
Na iniciativa da Cáritas italiana foram apresentados números que ilustram os problemas
levantados por esta situação: 750 checkpoints na Cisjordânia; 2,1 milhões de árvores
abatidas; 2702 casas demolidas em Gaza e 15360 palestinianos sem habitação em Rafah;
7705 palestinianos presos em Israel; 5000 estudantes que abandonaram os seus cursos
para não atravessar os pontos de controlo militares; 700 crianças assassinadas.
As organizações de defesa dos direitos humanos explicaram que o maior problema na
Palestina é o aumento da pobreza e da taxa de desemprego. Actualmente, um palestiniano
tem de trabalha 28 anos para juntar o mesmo que um israelita num ano.