No primeiro encontro mundial das comunidades portuguesas, o cardeal Stephen Fumio
Hamao salientou a prioridade do anúncio da Boa Nova na vida em mobilidade humana
O presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, que
ontem se deslocou do Vaticano ao Porto a fim de participar no segundo dia do I Encontro
Mundial das Comunidades Portuguesas, que hoje termina na Casa Diocesana de Vilar,
deixou na Invicta a sua convicção de que, “graças a uma chave de leitura especial
da própria História, e conscientes da sua própria identidade cultural, num mundo diferenciado
por um forte processo de homologação e nivelamento cultural, os portugueses no mundo
são chamados a redescobrir a vocação para o diálogo com outras culturas, bem como
a amadurecer a sua disponibilidade para a colaboração e a co-responsabilidade, para
dessa forma continuarem a sentir-se protagonistas do projecto comum de uma Igreja
que não considera ninguém estrangeiro”.
No fim do segundo dia do congresso que reúne no Porto representantes da Igreja, missionários,
sindicatos, académicos e associações de emigrantes, em que também marcaram presença
D. Manuel Martins, bispo emérito de
Setúbal, o cardeal chamou a atenção para o facto de serem actualmente mais de cinco
milhões os portugueses “altamente qualificados” ou “simples homens à procura de trabalho”,
espalhados por 121 países, em todos os cinco continentes, com especial representação
na América e Europa. Recordou, por isso, o papel de Portugal na história da emigração,
salientando que, ao longo dos séculos, foi pioneiro na distribuição dos seus “filhos”
pelo mundo, num quadro de “unidade pastoral” e “disposição generosa” de todos para
acolher cidadãos de “todas as etnias, nacionalidades, culturas e religiões”.
De acordo com o clérigo de Roma, “o facto de Portugal ser hoje, além de uma terra
de onde ainda se parte, também um país de imigração, constitui ocasião adequada para
ousar ter presente a memória histórica, mas sobretudo para lançar um apelo à cidadania,
à solidariedade e à corresponsabilidade cristãs”. Fumio Hamao disse que “o empenhamento
antigo, agora renovado, para com as comunidades portuguesas no mundo não deve prejudicar
nem adiar o compromisso no acolhimento generoso de imigrantes e refugiados em Portugal.
Também aqui se trata, uma vez mais, da nova evangelização”, concluiu