2005-03-31 12:38:35

Em risco a qualidade da vida sobre a terra:um relatorio de avaliação dos ecosistemas aponta também para o aumento da pobreza e dos conflitos sociais.


Dois terços dos ecossistemas que suportam a vida na Terra estão degradados e podem levar ao aumento do surgimento e prevalência de várias doenças, alertaram especialistas internacionais, num relatório e síntese da Avaliação dos Ecossistemas do Milénio, divulgado esta quarta feira em vários países. Produzido por 1.300 cientistas, de 95 países, é o primeiro documento de uma série que pretende avaliar a situação dos ecossistemas a nível global e o seu impacto no bem-estar da espécie humana. À luz do texto, as consequências da degradação ou má utilização de dois terços dos serviços dos ecossistemas (água doce, ar puro ou regulação climática) já se sentem, e poderão piorar significativamente nos próximos 50 anos.
O aumento da prevalência de doenças como a malária e a cólera, o aparecimento de novas enfermidades e a incapacidade de alcançar os objectivos de desenvolvimento do milénio propostos pela Organização das Nações Unidas, como a redução da pobreza e da fome, são alguns dos efeitos detectados (em África, por exemplo, 11 por cento dos doentes sofrem de malária, enfermidade que poderia ter sido erradicada há 35 anos, permitindo que a economia daquele continente tivesse crescido 150 mil milhões de euros, mais 25 por cento do que aconteceu). O texto aponta, como problema associado à má gestão dos ecossistemas globais, o facto de 15 das 24 áreas observadas se encontrarem degradadas ou não estarem a ser usadas de forma sustentável.
Outra vertente da degradação apontada no relatório é a desproporcionalidade, pela forma como ela incide sobre os mais pobres, contribuindo para acentuar as desigualdades e aumentar a pobreza e os conflitos sociais.
Os cientistas afirmam que nunca como nos últimos 50 anos foi tão rápida a acção humana exercida sobre os ecossistemas, e que as alterações daí decorrentes, que contribuíram para ganhos substanciais a nível do bem-estar, da qualidade de vida e do desenvolvimento económico, têm como custo a degradação dos serviços fornecidos pelos ecossistemas e resultaram numa perda irreversível para a vida na Terra, numa tendência que pode acentuar-se durante a primeira metade deste século, sendo parcialmente reversível se forem acolhidos cenários que envolvam mudanças significativas nas políticas, instituições e práticas, o que, segundo o estudo, não estão a acontecer.







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