Actualizar a mensagem da Ressurreição sem diminuir a sua força criadora,fio condutor
das homilias dos bispos portugueses no Domingo de Páscoa.
Ao dirigir-se às novas gerações, D. Teodoro de Faria, bispo do Funchal, afirmou na
homilia de Domingo de Páscoa que “estamos a viver o fim de uma civilização e o nascimento
de uma outra sem contornos ainda bem definidos, sabemos, porém, que a mensagem da
Ressurreição é para todos os tempos e que compete a cada geração actualizá-la sem
diminuir a força criadora, tornando-a compreensível e atractiva”. De facto - tal como
referiu o bispo do Porto – “ muitos reduzem o Cristianismo a um conjunto de prescrições,
de imposições, de proibições, de atentados às alegrias e prazeres da vida, às liberdades
e legítimas ambições, à sede incontornável de liberdade e de urgência de viver uma
vida que tem limites neste tempo e neste mundo. Sem transcendência ou de pseudo-transcendência
fabricada ou inventada, ou até dispensada, tal a confiança trazida por um neo-pelagianismo
que vigora na mente de quantos – e são tantos... que não querem outra salvação senão
a que eles idealizam e entendem conseguir por si mesmos. Se Deus deixou de ser problema
(o mais fácil é ser agnóstico...), também não aceitam que o problema seja Cristo como
a Igreja dele dá testemunho, anunciando-O e procurando educar e alimentar a fé na
Sua Pessoa, no Evangelho ou na Boa Nova que é Ele mesmo, nos valores que constituem,
em diversidade de valores, a Verdade que n’Ele se manifestou e continua a revelar-se”.
D. Manuel Neto Quintas, bispo do Algarve, recordou na homilia de Domingo que “a Páscoa
é verdadeiramente a grande festa da alegria”. A luz que brota da ressurreição de Jesus
ilumina “a nossa vida com todas as suas vicissitudes. Estimula-nos a prosseguir como
peregrinos. Dá um sentido novo ao sofrimento humano e infunde nos nossos corações
a alegria e a esperança” – sublinhou.
Há no mundo “situações de morte, de silêncio sepulcral, de injustiças, de discriminação,
de astúcias covardes, de acomodações interesseiras, de mentiras, de aparências enganadoras,
de promessas sem convicção, de expectativas vãs, de experiências frustrantes, de abandono,
de isolamento, de pobreza e de fome, de desânimo e de falta de esperança” – afirmou
o bispo do Porto mas “Cristo está vivo, continua vivo sobretudo na Igreja (na Igreja
de todos nós), a Igreja que celebra a Páscoa e a vida, a Igreja de Cristo que é a
nossa esperança, a Igreja de Cristo sem a qual não pode haver esperança de Salvação”.
O Arcebispo de Braga deseja que a identidade do Domingo seja salvaguardada e, sobretudo,
profundamente vivida, “mesmo nas dificuldades do nosso tempo”. O desejo foi sublinhado
na celebração da Vigília Pascal, tendo D. Jorge Ortiga afirmado que importa lutar
muito para que ele conserve “um carácter de dia original e único”. Lembrando que em
cada domingo se celebra a presença do Ressuscitado, presente na Eucaristia, D. Jorge
Ortiga perguntou: “quantos cristãos participam na Eucaristia nesta atitude de encontro
e festa?”. Evocando algumas passagens do catecismo da Igreja Católica, o prelado sublinhou
que “a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no centro da vida
da Igreja”.
A fé na ressurreição de Cristo “não é o resultado de uma conclusão lógica”. Ela impõe-se
pela força das testemunhas. Situar a evangelização no campo do testemunho “é dar prioridade
ao diálogo entre as pessoas, em todas as circunstâncias. O anúncio cristão situa-se
no âmbito do diálogo, convincente e respeitador. Só no diálogo as pessoas são sensíveis
ao testemunho sincero de outras pessoas. E esse testemunho tem de ser credenciado
também pela coerência na defesa e na promoção da vida, o que pode revestir a forma
da intervenção cultural, social e mesmo política” – refere D. José Policarpo. Dificilmente
“daremos testemunho da vida, se não formos promotores da vida, sem nunca esquecer
que a fonte da vida é Cristo ressuscitado, cuja Páscoa comemoramos sempre que celebramos
a Eucaristia. Não esqueçamos que o ano do Congresso é, também, o Ano da Eucaristia”
– sublinhou.
D. José Pedreira terminou com um forte apelo para que os fiéis abandonem “as obras
das trevas” e revestindo-se das “obras da luz”, para dignamente participarem no “mistério
Eucarístico” e fazerem a autêntica festa que encerra a expressão “Aleluia”.