Campanha contra a pena de morte, em nome do"respeito pela vida".
A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos lançou durante a Semana Santa
uma campanha contra a pena de morte. Esta medida penal, actualmente em declínio nos
Estados Unidos, continua a ser permitida pela legislação da grande maioria dos estados
federados
A altura escolhida para o início da Campanha católica para pôr fim ao uso da pena
de morte não foi casual. O cardeal McCarrick, arcebispo de Washington recordou que
"Cristo morreu como um criminoso, brutalmente executado".
O purpurado acrescentou que a causa não é nova para a Igreja Católica, pois a conferência
tomou já várias posições sobre o tema. Em 1974, e depois em 1980, dois importantes
documentos manifestavam a oposição dos bispos à pena capital. Depois disso, houve
outros pronunciamentos no mesmo sentido.
A campanha incidirá no trabalho educativo nas paróquias, movimentos, escolas e universidades
católicas, no âmbito local e nacional. Ao mesmo tempo, haverá pressão junto do Congresso
e dos parlamentos estaduais.
O poder político será um importante adversário dos bispos. O actual Presidente recebeu,
quando era governador do Texas, várias cartas do Papa João Paulo II a pedir clemência
para condenados à morte. Bush ignorou sempre os apelos e confirmou as sentenças à
pena capital.
A campanha apoia-se, de acordo com a AFP, numa sondagem feita em Novembro pelo instituto
Zogby, que regista uma evolução positiva da opinião pública católica. Segundo o estudo,
48 por cento dos católicos dos Estados Unidos são favoráveis à pena de morte, enquanto
47 por cento a rejeitam.
A mesma sondagem permitia concluir que 29 por cento dos católicos já defendeu a pena
de morte, mas agora rejeita-a. São os jovens e os católicos que frequentam a missa
os que mais se opõem à pena capital, em nome do "respeito pela vida".
Em Dezembro, o Centro de Informação sobre a Pena de Morte informou que o número de
condenações à morte, execuções ou presos nos corredores da morte convergem com as
sondagens de opinião: há um declínio, inédito, da utilização da pena capital nos Estados
Unidos desde que ela foi restabelecida, em 1976.
O apoio da opinião pública tem-se reduzido, nomeadamente com a divulgação de erros
judiciários. Actualmente, e de acordo com uma sondagem Gallup citada pelo mesmo centro,
50 por cento dos americanos são favoráveis à pena capital, contra 46 em cada 100 que
preferem a prisão perpétua.