Mais duas mortes, uma no enclave de Cabinda, provocadas pelo virus de Marburg
A febre hemorrágica originada pelo vírus de Marburg provocou hoje mais duas mortes
em Angola, uma das quais em Cabinda, com uma doente que foi infectada na província
do Uíge onde a situação é considerada "gravíssima" pelas autoridades.
A mulher, de 30 anos, que se tinha deslocado a Cabinda para visitar a família, morreu
hoje de madrugada no Hospital Central daquela cidade.
Esta é a terceira morte provocada pelo vírus de Marburg que ocorre fora da província
do Uíge, depois de outras duas pessoas, também infectadas naquela província do norte
de Angola, terem morrido em hospitais de Luanda.
Neste momento, o balanço oficial aponta para 118 vítimas mortais provocadas pela febre
hemorrágica originada pelo vírus de Marburg, das quais 115 morreram no Uíge, duas
em Luanda e uma em Cabinda.
Contactado hoje pela Lusa, o director provincial de Saúde de Luanda, Vita Vembo, revelou
terem sido registados mais dois casos suspeitos em unidades de saúde da capital angolana,
referentes a pessoas que terão sido infectadas na província do Uíge.
Neste momento, encontram-se internadas em Luanda quatro pessoas suspeitas de estarem
infectadas com o vírus de Marburg, todas provenientes do Uíge.
Apesar de ainda não ter sido registado nenhum caso desta doença fora da província
do Uíge, as autoridades sanitárias angolanas estão preocupadas com as consequências
que podem surgir da livre movimentação de pessoas.
nos próximos dias deveriam chegar ao Uíge "mais três epidemiologistas da Organização
Mundial de Saúde".
Está ainda prevista para breve a chegada à província de um antropólogo e dois sociólogos,
que "vão estudar os comportamentos e atitudes das populações", o que permitirá compreender
melhor a forma como a doença se está a espalhar e definir os melhores meios para a
combater.
A febre hemorrágica que está a afectar a província angolana do Uíge é provocada, segundo
as análises realizadas em laboratórios especializados nos Estados Unidos, pelo Vírus
de Marburg, que tem como principal vector o macaco verde.
Não foi ainda possível determinar em que circunstâncias a doença passou para os seres
humanos, mas sabe-se que o contágio é feito através de contacto com fluidos corporais,
como o suor, a saliva ou o sémen, de indivíduos infectados. Trata-se de uma infecção
viral, do grupo de radovírus, da mesma família do Ébola, que se manifesta clinicamente
por uma síndrome febril hemorrágica.
Os seus primeiros sintomas são dores de cabeça e musculares, febre alta, indisposição,
vómitos, diarreia e náuseas, o que tem originado alguma confusão com a malária, surgindo
as hemorragias ao fim de cinco a sete dias.
A OMS e o Ministério da Saúde já declararam a existência de uma epidemia de Marburg
em Angola, especialmente na província do Uíge, tendo ainda colocado em alerta o sistema
de vigilância epidemiológica nas vizinhas províncias do Zaire, Cuanza Norte, Malange
e Cabinda.
Esta doença é considerada rara e de alta contaminação, apresentando uma taxa de mortalidade
superior a 80 por cento dos casos.