2005-03-25 15:10:36

Em Angola a hierarquia católica ordena inquérito a incidentes ocorridos em Cabinda.


Em Angola a hierarquia católica ordenou um inquérito aos incidentes ocorridos em Cabinda durante uma Eucaristia presidida na passada terça-feira, pelo actual Administrador apostólico da diocese, D. Damião Franklin noticiou a rádio Ecclesia.

Nessa celebração alguns participantes vaiaram o Arcebispo e ostentaram cartazes onde reclamavam a nomeação de um bispo natural de Cabinda. No final da Eucaristia chegaram mesmo a apedrejar o arcebispo e acompanhantes, quando se deslocavam da catedral para a sacristia.

De acordo com a Ecclesia, os resultados do inquérito ora instaurado e as suas conclusões serão publicados proximamente.

Recorde-se que a Santa Sé nomeou no passado dia 11 de Fevereiro D. Filomeno Vieira Dias para Bispo de Cabinda, em substituição de D. Paulino Madeca que resignou por limite de idade. Alguns círculos em Cabinda contestarem esta nomeação, reclamando um bispo natural daquela diocese. Também a maioria dos sacerdotes do enclave subscreveram uma carta onde manifestam apreensão pela nomeação de um Bispo não cabinda.

D. Damião Franklin, Arcebispo de Luanda e Presidente da Ceast (Conferencia Episcopal de Angola e S.Tomé), e ele próprio natural de Cabinda, foi entretanto nomeado pela Santa Sé Administrador Apostólico da diocese de Cabinda até à tomada de posse de D. Filomeno Vieira Dias.

Na última assembleia da Conferência Episcopal, a Ceast publicou um comunicado onde lamenta “a atitude inesperada e estranha dos irmãos de Cabinda em recusarem a nomeação feita pelo Santo Padre ao prover de Pastor próprio esta Diocese irmã”. Os bispos lembram que é normal na Igreja que o Bispo de uma Diocese seja oriundo duma Diocese diferente e reafirmam “que a violência, mesmo verbal, não é caminho para chegar ao coração do outro (concórdia) nem solução para lhe conquistar o íntimo (confiança).” Os bispos consideram ainda grave que “círculos alheios à fé cristã e católica queiram instrumentalizar e subordinar à política a própria autoridade da Santo Padre, Sucessor de Pedro” e terminam apelando ao diálogo.

O enclave de Cabinda é a última província de Angola onde ainda se verificam acções militares, opondo várias facções da Frente de Libertação de Cabinda e as Forças Armadas Angolanas. A Igreja Local e organizações cívicas têm denunciado a violação dos Direitos Humanos de que é alvo a população, e a CEAST tem afirmado que a guerra não é solução nem caminho para chegar a qualquer solução.








All the contents on this site are copyrighted ©.