2005-03-21 12:16:50

Viver a Páscoa em comunhão espiritual com o Papa: um convite do Cardeal Patriarca de Lisboa, na homilia do Domingo de Ramos


A compreensão da fecundidade apostólica do sofrimento e do apagamento da vida, só é possível à luz da Páscoa e abre-nos para a compreensão da misteriosa fecundidade da morte de Cristo. Também por isso viveremos esta Páscoa numa comunhão especial com o Santo Padre, que percebeu que contribui tanto para a evangelização e para a salvação do mundo, neste apagamento doloroso da sua vida, enfraquecida pela idade e pela doença, como nas suas viagens triunfais pelas cinco partes do mundo. Foi o que salientou o card. Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa do Domingo de Ramos na Sé Patriarcal. D. José Policarpo convidou a lançar o olhar para tantos exemplos de dom da própria vida em favor de outros irmãos, marcados pelo sofrimento, pela doença, pela miséria ou atingidos por catástrofes naturais. Em todas essas circunstâncias continuam a agigantar-se exemplos de sacrifício da própria vida, para salvar os outros, factos que não podem ser isolados em si mesmos, em análises limitadas de circunstância; é preciso enquadrá-los na grandeza da humanidade, fecundada pela morte de Jesus Cristo.
E se visitássemos os hospitais, onde se encontra concentrado o drama do sofrimento humano, ou os lares para idosos, onde a velhice e a doença são terra onde germina dificilmente a alegria? E as prisões, onde ao desgaste da culpa se acrescenta a humilhação da pena e a perda da liberdade, alterando profundamente o horizonte da vida? E os desempregados, pais e mães de família, que perderam o direito à dignidade de construírem com o seu trabalho a felicidade da sua família? E as vítimas inocentes de guerras, de terrorismos e conflitos, para cujos mecanismos e causas nada contribuíram? - perguntou D. José Policarpo, salientando que enquanto a sociedade, como um todo, passar ao lado, indiferente a todo esse sofrimento, centrada, apenas, no aumento de riquezas e comodidades, fazendo da perda do poder de compra o seu principal problema, dificilmente os corações se abrirão à esperança libertadora de que a morte de Cristo é sinal eficaz.

4. A narração da Paixão do Senhor mostra-nos que nela se concentraram todos os desvios da humanidade; a traição de um discípulo e amigo, que O entrega a troco de dinheiro; a dispersão assustada dos discípulos, que na prática, fogem e O abandonam; a mentira dos testemunhos, a ambiguidade dos objectivos, a perplexidade e fraqueza de quem julga, a crueldade abusiva na execução da pena, não respeitando a dignidade do condenado. Olhemos o nosso mundo, não ignoremos as traições e os que estão dispostos a tudo por dinheiro, ou a indiferença dos amigos na hora da provação, ou as incertezas da justiça humana. Olhemos o nosso mundo de frente, porque também essas fraquezas fazem parte da sociedade que queremos transformar; olhemo-lo, não para condenar, mas para compreender, à luz do drama humano, como continua a ser importante que um homem, Jesus Cristo, tenha suportado tudo isso, tenha oferecido e vencido tudo isso, no amor. E que a generosidade da sua morte continua a ser o maior testemunho do amor de Deus por nós. E se alcançarmos, num mesmo olhar, todos os nossos irmãos que sofrem e a Ele, o nosso Irmão sofredor, teremos aberto o nosso coração à luz da Páscoa, anunciando a morte do Senhor, proclamando a sua ressurreição, até que Ele venha, disse a concluir o Cardeal Patriarca de Lisboa.







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