Deslocados: um grupo muito vulnerável segundo o relatorio da ONU
Cerca de 25 milhões de "deslocados internos" - pessoas obrigadas a abandonar as suas
casas devido a conflitos ou agressões, mas que permanecem dentro dos seus países -
constituem um dos grupos mais negligenciados e vulneráveis no mundo, sublinhou nesta
sexta feira um relatório das Nações Unidas.
Os refugiados que fogem para fora dos seus países podem pedir protecção ao abrigo
de um tratado internacional de 1951, mas não existe um sistema semelhante para pessoas
que estão deslocadas dentro do seu próprio país.
"No geral, a crise global de deslocados internos não melhorou no último ano". "A comunidade
internacional não é capaz de lidar com o problema", salienta o responsável pela ajuda
humanitária das Nações Unidas, Jan Egeland.
Os países com mais problemas são a Colômbia, a Costa do Marfim, o Congo, a Indonésia,
o Iraque, a Birmânia, o Nepal, a Rússia, a Somália, o Sudão e o Uganda.
O número de "deslocados internos" manteve-se quase inalterado durante quatro anos,
o que significa que por cada pessoa que voltou a casa outra foi obrigada a fugir,
denuncia o documento, citado pela Associated Press.
"A grande maioria destas pessoas, cerca de 22 milhões, estiveram deslocadas por mais
de um ano." O tempo médio de duração dos conflitos que obrigaram a deslocações e evitaram
o regresso a casa foi de 14 anos, continua o documento.
O Sudão foi o país mais afectado por deslocações em 2004. O agravamento do conflito
na região de Darfur obrigou um milhão de pessoas a fugir das suas casas, somando-se
assim um total de seis milhões de pessoas "internamente deslocadas" neste país. Desde
Outubro de 2003, cerca de 180 mil pessoas morreram em Darfur como resultado de violência,
doença ou má nutrição.
O Uganda - onde os rebeldes vêm lutando contra as forças do Governo desde há 18 anos
- surge a seguir na lista de países mais afectados por este fenómeno: 600 mil pessoas
deixaram as suas casas no ano passado.
A seguir na lista deverá surgir a Colômbia, com 290 mil novos deslocados no ano passado,
seguida do Iraque, com 200 mil. Na Somália contam-se 100 mil e no Nepal 50 mil.