2005-03-19 11:13:43

40 anos depois da Gaudium et Spes: as questões fundamentais da justiça.


Qual o papel da Igreja na sociedade actual? Como pode ser protagonista na construção da justiça e da paz? Estas sãos as perguntas a Igreja Católica tem procurado dar resposta no ano em que se assinalam os 40 anos sobre a promulgação da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (GS), o documento do II Concílio do Vaticano sobre a Igreja no mundo contemporâneo.
O exemplo vem do Vaticano, onde o Conselho Pontifício Justiça e Paz promoveu esta semana um simpósio sobre o tema "O apelo à justiça: a herança da Gaudium et Spes a 40 anos da sua promulgação".
Apesar de não ter feito ouvir a sua voz, a palavra de João Paulo II apareceu sob a forma de uma mensagem na qual o Papa alerta para a necessidade de não esquecer as “questões fundamentais da justiça” num momento em que o mundo se vê confrontado com “os enormes progressos da ciência e da tecnologia”.
O texto papal mostra, como defendeu o historiador Andrea Riccardi, que a Igreja “mantém os olhos abertos para as questões do mundo moderno”.
“Muitos sublinham que a cultura política e social da GS foi superada, mas o fundo decisivo permanece: a Igreja declara-se dentro dos problemas da história. Não é possível falar da Igreja sem evocar problemas, situações, contextos do mundo contemporâneo”, explicou o fundador da Comunidade de Santo Egídio.
A mensagem de João Paulo II lembra, nesse sentido, que “a Igreja está constantemente comprometida em lembrar a todos os crentes a necessidade de interpretar as realidades sociais à luz do Evangelho”.
A mesma chave de leitura sobre a GS foi apresentada pelo Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, para quem “todos se devem sentir chamados a um compromisso no mundo, não menos necessário e urgente nos nossos dias”.
A acção da Igreja no mundo apresenta-se, assim, ligada ao “pleno desenvolvimento da personalidade de cada ser humano e à promoção dos seus direitos fundamentais, dignidade e liberdade”, como referiu o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo.
Um dos oradores do congresso o brasileiro Prof. Rubens Ricupero que foi secretario geral da UNCTAD, em entrevista á Radio Vaticano salientou que paises ricos e paises pobres, não obstante tudo, podem fazer algo juntos RealAudioMP3

A Igreja do nossos tempos viu-se colocada dentro de um mundo que se desenvolveu segundo leis próprias e mecanismos cujo controlo escapou, legitimamente, à alçada do religioso. Atendendo a esta conjuntura, o II Concílio do Vaticano propõe a GS, um documento singular, precioso pelo seu alcance e actualidade.
A realidade histórica e meta-histórica que é o Povo de Deus considera-se na sua existência neste mundo, nele vivendo e actuando na certeza de que o seu fim salvador e escatológico não é tarefa passível de conclusão no mesmo. A demissão da vida terrena, porém, constitui uma falha grave na missão de todo o cristão em ser sal da terra, conforme o mandato evangélico.
A função que a Igreja tem a desempenhar no mundo reveste-se da maior importância, porque visa revelar uma “verdade profunda” sobre a destinação do homem e do universo. A mensagem de Cristo deve iluminar o mundo inteiro, estabelecendo pontes para o diálogo entre todos os povos, ajudando a edificar a paz, sarando as feridas que tantas vezes marcam as relações entre as sociedades.
Empenhada numa parceria de diálogo, a Igreja assume como suas as preocupações da humanidade, as angústias do mundo de hoje, as questões fundamentais sobre o sentido da existência.
Essa mesma Igreja reconhece uma legítima autonomia ao seu parceiro de diálogo, um mundo capaz de um progresso autêntico e humano: “o Concílio considera com muito respeito o que há de bom nas instituições tão diversas que o género humano criou e, sem cessar, continua a criar” (GS, nº 42). A Igreja não ignora o quanto recebeu da história e mostra-se “firmemente persuadida de que pode receber muita ajuda de vários modos, do mundo, pelas qualidades e acções dos indivíduos e das sociedades” (GS nº 40).









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