O apelo á justiça: a herança da Gaudium et Spes a 40 anos da sua promulgação
De 16 a
18 de março ,efectua-se no Vaticano, a Conferência promovida pelo Conselho Pontifício
Justiça e Paz sobre o tema "O apelo à justiça: a herança da Gaudium et Spes a 40 anos
da sua promulgação".
A Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” é o documento do II Concílio do Vaticano
sobre a Igreja no mundo contemporâneo. O objectivo da Conferência é examinar a abrangência
do magistério social do Concílio, principalmente na sua relação entre “justiça e vocação
à plena humanidade”.
Esta análise será feita através de uma tríplice reflexão: sobre os fundamentos filosóficos
e teológicos da Doutrina Social católica; sobre a missão da Igreja no âmbito social
e a sua resposta aos sinais dos tempos; sobre a análise das grandes questões contemporâneas
de natureza económica, política e social.
A análise será acompanhada por uma exposição de modelos concretos de acção eficaz
contra a pobreza, o pecado social e o sofrimento nas suas várias formas.
A Igreja do nossos tempos viu-se colocada dentro de um mundo que se desenvolveu segundo
leis próprias e mecanismos cujo controlo escapou, legitimamente, à alçada do religioso.
Atendendo a esta conjuntura, o II Concílio do Vaticano propõe um documento singular,
precioso pelo seu alcance e actualidade: a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (GS).
A realidade histórica e meta-histórica que é o Povo de Deus considera-se na sua existência
neste mundo, nele vivendo e actuando na certeza de que o seu fim salvador e escatológico
não é tarefa passível de conclusão no mesmo. A demissão da vida terrena, porém, constitui
uma falha grave na missão de todo o cristão em ser sal da terra, conforme o mandato
evangélico.
A função que a Igreja tem a desempenhar no mundo reveste-se da maior importância,
porque visa revelar uma “verdade profunda” sobre a destinação do homem e do universo.
A mensagem de Cristo deve iluminar o mundo inteiro, estabelecendo pontes para o diálogo
entre todos os povos, ajudando a edificar a paz, sarando as feridas que tantas vezes
marcam as relações entre as sociedades.
Empenhada numa parceria de diálogo, a Igreja assume como suas as preocupações da humanidade,
as angústias do mundo de hoje, as questões fundamentais sobre o sentido da existência.
Essa mesma Igreja reconhece uma legítima autonomia ao seu parceiro de diálogo, um
mundo capaz de um progresso autêntico e humano: “o Concílio considera com muito respeito
o que há de bom nas instituições tão diversas que o género humano criou e, sem cessar,
continua a criar” (GS, nº 42). A Igreja não ignora o quanto recebeu da história e
mostra-se “firmemente persuadida de que pode receber muita ajuda de vários modos,
do mundo, pelas qualidades e acções dos indivíduos e das sociedades” (GS nº 40).