Nas Honduras genocidio dos meninos de rua:uma denuncia da conferencia episcopal do
país
A Conferência Episcopal das Honduras assegurou que os jovens do país estão a ser vítimas
de um verdadeiro "genocídio" e pediu à comunidade nacional e internacional acções
“que ponham fim a este infernal holocausto juvenil".
Num comunicado conjunto, o episcopado hondurenho exorta as autoridades e a sociedade
a não permanecerem indiferentes perante a violência. A nota sublinha que "não é normal"
o assassinato de 2630 menores de 23 anos, desde 1998 até aos primeiros dois meses
deste ano, e aponta o facto como "preocupante e escandaloso".
Os meninos de rua estão na mira dos chamados “esquadrões da morte” nas Honduras. Apesar
de anos de denúncias, incluindo vozes da Igreja Católica, a violência contra crianças
e adolescentes não pára de crescer, com mais de 395 vítimas no ano passado.
Os mais de 9 mil menores que vivem nas “calles” das principais cidades das Honduras
vêem assim as suas vidas em perigo. Os meninos de rua começam a ser vistos como parasitas
que é preciso eliminar e desde 1999 cerca de 2150 crianças e adolescentes foram assassinados
pelos paramilitares e por membros da polícia, reconvertidos em “esquadrões da morte”
para defender os interesses dos grandes proprietários do país, comerciantes, industriais
e mesmo políticos.
Para a Conferência Episcopal local “há uma deterioração alarmante da consciência do
valor da vida e uma brutal espiral de violência, pelo que nos atrevemos a dizer que
nas Honduras está em acto um verdadeiro genocídio juvenil".
O documento denuncia que os jovens morrem por causa de "acertos de contas, vinganças,
execuções perpetradas por bandidos pagos para matar jovens, guerras entre gangues
e outras razões".
Estas mortes não fazem as primeiras páginas dos jornais, mas estiveram em destaque
no I Encontro Internacional da Pastoral dos Meninos de Rua que a Santa Sé organizou
em Outubro passado. Nessa altura, a Igreja Católica assumiu que é necessário “dar
visibilidade a todas as forças institucionais e privadas, às associações e organizações
não-governamentais, aos operadores de base, ao voluntariado e aos grupos comprometidos
em favor de todos estes pequenos marginalizados”.
Desde o início de 2005, 34 adolescentes forma mortos nas ruas do país da América central.
Nos últimos 14 meses há uma média de 6 assassinatos por dia, dos quais 43% fazem vítimas
com menos de 18 anos.